Uganda Perde Aproximadamente 500.000 Postos de Trabalho Durante a Pandemia

EQUIPA DA ADF

A pandemia da COVID-19 deu golpes devastadores contra as economias africanas, encerrando empresas e deixando desempregados 13,5 milhões de trabalhadores, na África Subsaariana.

Uganda não foi poupado.

Como uma população de apenas menos de 46 milhões, o Uganda perdeu aproximadamente 500.000 postos de trabalho desde que a COVID-19 eclodiu, de acordo com um estudo do Centro de Pesquisa de Política Económica (EPRC), da Universidade de Makerere, em Kampala, em colaboração com o Centro de Pesquisa de Desenvolvimento Internacional (IDRC), do Canadá. Publicado em Junho, o estudo foi realizado no final do segundo confinamento obrigatório do Uganda, em finais de 2021.

Os sectores mais afectados foram a educação, que perdeu 293.000 postos de trabalho na altura em que as escolas encerraram; a hotelaria e o turismo, que perderam 90.000 postos de trabalho; e o sector fabril, que perdeu 44.000 postos de trabalho. Os trabalhadores jovens e os do sexo feminino foram desproporcionalmente afectados.

“Um número considerável de empresas encerrou as portas permanentemente devido a factores directa ou indirectamente relacionados com a COVID-19,” de acordo com o estudo. “Os episódios da COVID-19 também são caracterizados por encerramento intermitente de negócios de forma completa e parcial. Até ao fim do segundo confinamento obrigatório da COVID-19, as empresas não tinham retomado à sua condição pré-COVID-19.”

O estudo envolveu mais de 1.500 micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), maior parte das quais sofreu um “impacto severo” da COVID-19 e das medidas de saúde pública a ela relacionadas. Contudo, 40% destas empresas tinham sido encerradas, e 39% não pôde ser rastreado, significando que também foram encerradas.

Mais de metade das empresas do estudo também reduziram significativa a folha de pagamentos para aliviar o stress financeiro.

O estudo recomendou várias formas para fortalecer a resiliência das MPME, incluindo:

* Melhorar o comércio electrónico.

* Investir em centros de informação de negócios onde os proprietários das pequenas empresas podem obter apoio e aconselhamento.

* Fortalecer a capacidade das empresas para aceder a recursos externos para o crescimento e desenvolvimento.

* Desenvolver planos de seguro inovadores.

* Criar ou reforçar iniciativas que promovam a inovação e a diversificação.

O estudo do EPRC/IDRC concluiu que o governo deve prestar maior atenção para o custo de fazer negócios durante a pandemia.

“Isso é crucial para o controlo dos custos dos insumos e para garantir um mínimo de interrupções das cadeias de fornecimento,” refere o estudo. “Abordar factores fundamentais que determinam o custo de fazer negócio, incluindo os custos de transporte, remoção de barreiras para as cadeias de fornecimento e custo com serviços e de implementação [dos procedimentos operacionais padrão] da COVID-19, dentro do ambiente de negócios das MPME.”


A Guerra da Rússia Exacerba os Males
O ataque da Rússia contra a Ucrânia exacerba os males económicos dos ugandeses, numa altura em que as interrupções nas cadeias de fornecimento aumentam os preços de produtos alimentares, combustível e outras necessidades. Mesmo aqueles que não tinham perdido os seus postos de trabalho sentiram o aperto.

Os ugandeses levaram as suas frustrações para as ruas em meados de Julho, quando a polícia prendeu oito pessoas que protestavam contra a inflação, na cidade sudeste de Jinja. Os manifestantes irados incendiaram pneus e bloquearam uma estrada agitada, incitando os motoristas a juntarem-se a eles para exigirem que o governo subsidie os produtos alimentares básicos.

A taxa de inflação para produtos alimentares alcançou 13,1% em Maio, enquanto o preço do combustível duplicou desde Fevereiro.

“Nós, com certeza, apoiamos esse tipo de protestos,” Solomon Wandibwa, de 28 anos de idade, disse à Agência France-Presse. “O governo deve agir. As pessoas dormem com fome à noite.”

Numa comunicação à nação, em Maio, o presidente Yoweri Museveni apelou os cidadãos a serem moderados na adquisição de produtos importados. Museveni disse que ele está relutante em reduzir os impostos, argumentando que fazer isso irá piorar mais ainda a economia, noticiou a AFP. O Uganda importa a maior parte do seu trigo, fertilizante e combustível dos países beligerantes.

Ziana Aigaru, um agricultor ugandês, viu a questão sob um ponto de vista diferente.

“Não apenas fertilizantes, a propósito, mesmo os herbicidas — tudo subiu em termos de preços,” disse Aigaru à Voz da América. “Por exemplo, a Bukoola [um fabricante de produtos agrícolas] está a aumentar os preços por causa do imposto que incorre na importação de produtos químicos. Por isso, se os impostos forem reduzidos, isso significa que os custos irão reduzir.”

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