Enquanto a COVID-19 Realiza Mutações, Especialistas Consideram Medidas de Prevenção

EQUIPA DA ADF

No fim de Junho, o Departamento de Ensino Básico da África do Sul anunciou que já não era obrigatório usar máscaras nas escolas para prevenir a propagação da COVID-19.
O anúncio foi feito um dia depois de o Ministro de Saúde da África do Sul, Joseph Phaala, ter rejeitado as restrições da COVID-19 como uso de máscaras em lugares públicos, limitação de números para aglomerados e verificações de vírus nas fronteiras. O anúncio de Phaala veio numa altura em que a quinta vaga daquele país, impulsionada pelas altamente transmissíveis subvariantes da Ómicron, ter retrocedido.

“A maior parte das pessoas já se livraram das máscaras,” Mvuyisi Mzukwa, presidente da Associação Médica da África do Sul, disse ao canal sul-africano SABC News. “Esta é apenas uma declaração oficial [do Departamento de Ensino Básico] e, de qualquer modo, houve pouca rigorosidade no controlo do cumprimento destes regulamentos. Vimos funerais com o máximo da sua capacidade e nos transportes públicos as pessoas já não estavam a usar as máscaras, por isso, não acho que seja uma coisa nova, mas sim que agora apenas é oficial.”

Especialistas afirmam que existem vantagens e desvantagens da eliminação das restrições entre as vagas da COVID-19. Embora ajude a reduzir a fadiga da COVID-19, pode haver reacções negativas por parte do público se as medidas de prevenção forem reimpostas quando as novas variantes e subvariantes emergirem.

“Quando se diz às pessoas para não usem máscaras quando estiverem em lugares abertos, mas voltem a usá-las quando estiverem em lugares fechados, então existe sempre uma preocupação sobre como manter este ligar e desligar,” Kileka Mlisana, que co-preside o conselho consultivo ministerial da COVID-19, disse ao canal de notícias online, Spotlight. “Então, se existir uma nova variante como voltaremos para trás?”

Mlisana apelou que as pessoas continuassem a usar as máscaras, mas Robin Wood, um especialista em doenças contagiosas e professor emérito da Universidade da Cidade do Cabo, apelou que as pessoas parassem por completo de usar máscaras.

“A máscara procura reduzir a exposição de uma pessoa a partículas contagiosas, mas a dimensão da protecção depende da qualidade da máscara,” disse Wood ao Spotlight. “O tempo que se leva num determinado ambiente também é um factor importante, porque ao ficar nalgum lugar por muito tempo, a máscara não fará qualquer diferença.”

As medidas preventivas como a lavagem das mãos de forma regular são sensíveis quer exista uma pandemia ou não, porque matam os vermes e ajudam a prevenir doenças.

Os especialistas entrevistados pelo Spotlight concordaram que não existe necessidade de utilizar desinfectante todas as vezes que se toca numa maçaneta ou que entrar num espaço público, porque não existem indicações de que o vírus sobreviva por muito tempo nas superfícies. Contudo, o desinfectante pode ser uma boa opção em lugares com fraca ventilação.

Uma falta de ventilação em lugares fechados ou aglomerados é um problema que a pandemia destacou.

“Quando se tem áreas com grandes aglomerados, na essência, trata-se da quantidade de ar que as pessoas estão a trocar entre si,” disse Wood ao Spotlight. “As pessoas em ambientes mais urbanos provavelmente trocam cerca de 20 litros de ar por dia, pessoas que vivem em cidades aglomeradas trocam cerca de 40 a 100 litros por dia e pessoas que se encontram encarceradas nas prisões provavelmente estejam a trocar cerca de 2.000 litros por dia.”

O Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) disse, no final de Junho, que os países se encontram em estágios diferentes no que diz respeito à luta contra a pandemia. Aconselhou o uso de estratégias orientadas por dados para determinar as medidas de prevenção mais adequadas.

“Também esperamos que os protocolos não sejam todos idênticos durante este estágio da pandemia,” Director Interino do Africa CDC, Ahmed Ogwell Ouma, disse numa reportagem da Reuters. “Encorajamos (os países) a utilizarem os seus próprios dados, a evolução da situação no terreno e a sua capacidade de fazer a vigilância… para poderem fazer os ajustes necessários.”

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