Verificação de Factos da Desinformação Sobre a COVID-19

 

O presente artigo faz parte de uma série contínua.
Para conferir mais afirmações desmistificadas sobre a COVID-19, visite o primeiro artigo da série

EQUIPA DA ADF

As redes sociais podem ser uma ferramenta eficaz para a propagação de informação precisa sobre a COVID-19 e ajudar a proteger contra a propagação da pandemia. As suas múltiplas plataformas também podem ser utilizadas para disseminar informação falsa sobre a doença, as suas origens e como tratá-la.

Centenas de mitos fomentados pelas redes sociais sobre a COVID-19 circularam e foram desmistificados desde que a pandemia começou. Este artigo, o segundo da série, expõe parte da desinformação que foi transmitida, causando paranóia, desconfiança das autoridades sanitárias e uma atitude relaxada para com uma doença que já matou 254.000 pessoas no continente africano.

Segue-se uma selecção de alegações desmistificadas sobre a COVID-19:

 

Presidente ugandês, Yoweri Museveni, profere um discurso durante uma cimeira de investimento, em Maio de 2022. AFP/GETTY IMAGES

O Presidente Ugandês, Museveni, Não Está Morto

Contrariamente às afirmações feitas num vídeo do YouTube e partilhadas no Facebook, o presidente ugandês, Yoweri Museveni, não morreu de COVID-19 num hospital queniano.

Num rodapé de “Notícias de Última Hora,” a imagem principal do vídeo mostra Museveni a sorrir. Abaixo da foto encontram-se as palavras: “R.I.P. /Yoweri Museveni Está Morto.”

Museveni abordou a questão pessoalmente numa publicação do Twitter, em Julho de 2021, em que aparecia o vídeo de um discurso que ele proferiu no Parlamento daquele país.

“Precisamos de actuar contra as pessoas que fazem o uso erróneo das redes sociais, incluindo ugandeses no exterior,” lia-se na publicação de Museveni. “Muitos agora estão a utilizá-las para propagar notícias sem fundamento e indecorosas com total abandono. Eu apelo a segurança para investigar esta questão. Deve-se pôr um fim a isto, encontrar estas pessoas.”

Existem muitas provas de que Museveni está vivo. Por exemplo, no dia 7 de Junho, ele proferiu uma comunicação sobre o “Estado da Nação,” que foi difundida em todos os principais canais de televisão e de rádio do Uganda.

 

Bill Gates é um alvo habitual de teoristas de conspiração sobre a COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

Videogame Não Está Ligado à Pandemia

Em Novembro de 2021, um utilizador do Twitter afirmou que “Omikron: A Alma Nómada,” um videogame produzido em 1999, com a trilha sonora composta por David Bowie, tinha previsto a pandemia.

Outras provas disso, de acordo com o utilizador do Twitter, foi que o jogo foi desenvolvido pela Microsoft e, por associação, Bill Gates, um proeminente alvo das teorias de conspiração sobre a COVID-19. A referida publicação do Twitter foi rapidamente partilhada no Facebook e no TikTok e traduzida para oito línguas.

Um número desconhecido de pessoas leu, acreditou e divulgou a afirmação, que era falsa.

“Este videogame não foi desenvolvido pela Microsoft/Bill Gates,” um porta-voz da Microsoft disse à AFP. O jogo foi criado pelo desenvolvedor Quantic Dream.

 

Agentes penitenciários togoleses usam máscaras para prevenir a propagação da COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

Não Há Vermes nem Parasitas Nas Máscaras

Um outro vídeo que circula no continente afirma que as linhas pretas nas máscaras utilizadas para prevenir a propagação da COVID-19, na verdade, são vermes ou parasitas.

O vídeo, que foi visto no Facebook, YouTube e TikTok, mostra uma pessoa a colocar uma máscara numa tigela com água a ferver. A câmara amplia as linhas pretas da máscara.

“Venham cá! Rápido! Veja como está a mexer-se! Eu juro, está a mexer-se,” um homem diz em turco. “Amigos, não usem máscaras. Este também está a crescer. Só Deus sabe quantos existem numa máscara.”

Jana Nebesarova, professora assistente do Centro de Biologia, da Academia Checa de Ciências, desmitificou o mito numa entrevista à AFP.

“Provavelmente sejam peças de tecido,” disse Nebesarova. “O ar está cheio destes fragmentos de tecido que flutuam livremente juntamente com o pólen, mofo, partes de células mortas da nossa pele [e] partes microscópicas de terra.”

Nebesarova acrescentou que as linhas “não são perigosas para uma pessoa saudável.”

 

Um professor de Uganda trabalha como produtor de caixões, durante a pandemia da COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

O Caso do “Caixão Vazio”

Um vídeo que afirma que mostra um caixão vazio a ser baixado para a terra sugere que as autoridades ugandesas enterraram outros caixões vazios para acrescentar o número de mortes por COVID-19 naquele país.

A AFP entrou em contacto com Immaculate Masika, que confirmou que o seu pai, Franco Kabwangana Bwambaale,estava no caixão e testou positivo para a COVID-19 antes de morrer. O vídeo foi visto milhares de vezes no Facebook.

 

“O que está a ser afirmado, que um caixão vazio foi enterrado pelo governo, não é verdade,” disse Masika à AFP. “Como família, enterramos o seu corpo e falar de um caixão vazio a ser enterrado deve ser ignorado e o assunto deve ser deixado à parte.”

As autoridades aconselharam que o caixão permanecesse fechado, porque

Bwambaale testou positivo para o coronavírus. Residentes locais embriagados obrigaram que o caixão fosse aberto no local de enterro de Bwambaale, disse Masika. A polícia chegou e disparou tiros para o ar para dispersar a multidão.

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