Pontos de Vista

Equipa do Comando Africano dos Estados Unidos

A segurança privada devia vir com uma etiqueta de aviso: Atenção, consumidores!

As empresas militares privadas (EMPs) podem ser importantes quando desempenham um papel de apoio. Os exércitos contratam-nas para transportar tropas e equipamento ou para reforçar a segurança em áreas de interesse nacional. As empresas de petróleo e gás costumam contratá-las para patrulhar as instalações. 

No seu pleno funcionamento, fornecem uma solução de custo relativamente baixo para desafios de segurança. Quando prestam um serviço de elevado profissionalismo, podem ser uma mais-valia. 

Mas algumas EMPs têm agendas ocultas.

Em termos globais, há uma tendência preocupante de as potências estrangeiras utilizarem EMPs ou mercenários para exercerem influência ou tornarem-se ricas. Este fenómeno é particularmente prevalecente em África. Um dos exemplos mais notórios é o Grupo Wagner, liderado por um estreito aliado do presidente russo, Vladimir Putin. A estratégia do grupo consiste em garantir segurança robusta para ajudar os regimes autocráticos a manterem-se no poder. Em troca, o Grupo Wagner está a permitir acesso a recursos naturais preciosos, e, através desse processo, o governo russo ganha um aliado político. 

No entanto, as nações pagam um preço elevado quando o Grupo Wagner se envolve no processo. 

Na Líbia, as forças do Grupo Wagner, que apoiam o Marechal Khalifa Haftar, atiçaram as chamas da violência e cometeram crimes de guerra, na esperança de ter acesso à riqueza petrolífera. No Sudão, operativos ligados ao Grupo Wagner estão a ser acusados de darem apoio ao antigo ditador, Omar al-Bashir, em troca dos direitos de exploração de ouro. Na República Centro-Africana, os combatentes do Grupo Wagner são acusados de tortura e execuções extrajudiciais. Além disso, em pelo menos cinco países africanos, o grupo está, de forma credível, associado a esforços online para interferir nas eleições nacionais. 

Nestes casos, não estão a garantir a segurança, estão a afectá-la. 

Compete aos governos africanos exigir padrões mais elevados de profissionalismo e transparência das empresas de segurança com as quais fazem negócios. Sob estrita vigilância, algumas empresas privadas podem ser úteis. No entanto, se não forem controladas, as EMPs podem representar instabilidade e influência estrangeira não desejada. Quando tal se verifica, a suposta “solução” de segurança que propõem não compensa o custo.

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