A Ainda Mortal Ómicron Incuba de Forma Mais Rápida do Que as Estirpes Anteriores da COVID-19

EQUIPA DA ADF

A estirpe original da COVID-19 levava dois dias a duas semanas para produzir sintomas em pessoas infectadas, mas a Ómicron move-se de forma mais rápida. Ela incuba-se em três a cinco dias, de acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Isso pode explicar por que a Ómicron é mais contagiosa.

Embora a maior parte dos pacientes da Ómicron se queixem de sintomas menos severos em comparação com as estirpes anteriores, o aumento da taxa de infecções está a deixar os hospitais cheios e a colocar ainda mais pressão sobre os profissionais da saúde já sobrecarregados. Também está a produzir sintomas mais novos, como suores nocturnos.

E ainda é mortal.

“Embora a Ómicron pareça menos severa em comparação com a Delta … isso não significa que deve ser categorizada como ligeira,” disse o especialista em matéria de saúde pública etíope, Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS. “Assim como as variantes anteriores, a Ómicron está a deixar pessoas internadas e está a matar.”

Estudos iniciais demonstraram que existia um risco reduzido de internamentos causados pela Ómicron e parece haver um risco reduzido de doença grave para a maior parte das pessoas, disse Janete Diaz, líder de equipa da OMS em matéria de gestão clínica. Mas ela acrescentou que a maior parte dos casos estudados foram em jovens, fazendo com que os efeitos da Ómicron nos idosos sejam, em termos gerais, desconhecidos.

O curto período de incubação também faz com que seja mais difícil para os profissionais de saúde testarem de forma fiável e rápida esta variante.

Na África do Sul, a Ómicron representou mais de 90% das novas infecções em meados de Dezembro, de acordo com o Dr. Ryan Noach, PCA da Discovery Health, a maior seguradora privada da África do Sul na área de saúde.

“A quarta vaga impulsionada pela Ómicron possui uma trajectória significativamente mais acentuada de novas infecções em relação às vagas anteriores,” disse Noach num artigo do site da internet da Discovery Health. “Dados nacionais demonstram um aumento exponencial tanto em termos de novas infecções assim como nas taxas de positividade dos testes durante as primeiras três semanas desta vaga, indicando ser uma variante altamente transmissível com uma rápida propagação comunitária de infecções.”

Estudos demonstraram que a Ómicron é menos propensa a invadir os pulmões da pessoa do que as estirpes anteriores.

Na província de Western Cape, da África do Sul, os hospitais públicos registaram menos internamentos relacionados com o coronavírus e menos mortes relacionadas com pneumonia durante a quarta vaga impulsionada pela Ómicron, em comparação com a terceira vaga alimentada pela estirpe Delta, de acordo com um artigo da agência de publicação de notícias online sul-africana, News 24. O Departamento de Saúde de Cabo Ocidental também registou um decréscimo no uso de oxigénio médico quando se trata de pacientes com Ómicron.

Contudo, o risco de reinfecção da estirpe Ómicron é maior do que as variantes anteriores, disse Shirley Collie, actuária chefe de analíticas de saúde da Discovery Health.

“Com cada vaga sucessiva de infecções pela COVID-19 na África do Sul, investigamos a duração da imunidade depois de infecção anterior pela COVID-19, em outras palavras — o risco de reinfecção,” disse Collie. “Em termos gerais, o risco de reinfecção (após anterior infecção) aumentou com andar do tempo, com a Ómicron a resultar em taxas significativamente mais elevadas de reinfecção em comparação com as variantes anteriores.”

A imunidade de infecções anteriores pode explicar por que razão a Ómicron produz sintomas mais ligeiros, como comichões na garganta, fadiga e suores nocturnos, do que as estirpes anteriores, disse o Ministro da Saúde da África do Sul, Joe Phaahla, num artigo publicado pela Vox.com.

Devido à população relativamente jovem da África do Sul, John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, alertou os outros países que eles podem ter experiências diferentes com a Ómicron.

“Sejamos cuidadosos de modo a não extrapolar aquilo que estamos a ver na África do Sul para o continente ou para o mundo,” disse Nkengasong, numa conferência de imprensa. “Ainda temos de reunir mais dados de países que estão a registar mais casos da variante Ómicron antes de chegarmos a um posicionamento definitivo.”

Os períodos de isolamento recomendados para os pacientes da Ómicron varia de país para país, mas os especialistas em matéria de saúde pelo mundo afirmam que as pessoas deviam continuar a observar as medidas de prevenção da COVID-19, como usar máscaras em público, praticar o distanciamento social e lavar frequentemente as mãos.

“Apesar de muitos pacientes da Ómicron não experimentar sintomas graves, eles ainda podem infectar pessoas que estão em risco de doença grave,” Akiko Iwasaki, um investigador que estuda imunologia viral na Universidade de Yale, disse à Reuters.

“Ainda não temos dados sobre até que proporções de infecção com a Ómicron … acaba com um COVID de longa duração,” disse Iwasaki. “As pessoas que subestimam a Ómicron como sendo ‘ligeira’ estão a colocar a si próprios em risco de uma doença debilitante que pode durar meses ou anos.”

Comentários estão fechados.