EQUIPA DA ADF
Enquanto os governos africanos continuam a lutar contra os choques económicos da pandemia da COVID-19 e traçam um rumo para a recuperação, os especialistas estão a afirmar que abundam oportunidades para novas direcções, parcerias e reformas das políticas. Se aplicadas correctamente, essas lições podem oferecer ao continente mais resiliência em relação a futuro choques.
As economias de todo o continente registaram uma retracção significativa em 2020, visto que os confinamentos obrigatórios e as interrupções das cadeias de fornecimento causaram grandes prejuízos.
Embora os confinamentos obrigatórios fossem necessários, os países africanos tiveram falta de fundos para resistir ao impacto, disse Uduakobong Inam, um professor sénior do Departamento de Economia, da Universidade de Uyo, Nigéria.
“África não tinha condições de suportar um confinamento obrigatório dadas as suas circunstâncias sociais e económicas peculiares,” escreveu recentemente para um jornal online nigeriano, Premium Times. “A aplicação desta medida teve consequências drásticas para África na medida em que mergulhou a economia africana em problemas socioeconómicos sem fim, incluindo pobreza, perdas de emprego, insegurança, taxas de crescimento negativas, desemprego e crises de dívidas.”
Espera-se que cerca de 29 milhões de africanos, principalmente na África Subsaariana, venham a sofrer de pobreza extrema por causa da pandemia, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
Mas uma das maiores lições a serem aprendidas da luta contra a COVID-19 é a importância de investir-se nos cuidados de saúde e nas infra-estruturas para a provisão dos mesmos.
“A gravidade da pandemia e as crises económicas que ela causou criaram uma oportunidade única para abordar os défices de longos anos nas infra-estruturas e serviços de saúde,” disse o presidente do BAD, Akinwumi Adesina, durante a Sessão Ordinária da Assembleia dos Ministros de Saúde da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, em Abuja, Nigéria, no dia 12 de Novembro. “Cerca de 30% da população africana vive há mais de duas horas de distância dos serviços essenciais. O risco de morte depois de uma cirurgia em África é o dobro da média global.
“A falta de eficiência estrutural e operacional resulta em custos elevados e atendimento comprometido.”
Em termos gerais, espera-se que a tecnologia digital impulsione a recuperação. Esta foi a mensagem de uma cimeira online sobre a modernização de portos, em finais de Outubro.
“A tecnologia digital é essencial para a recuperação da capacidade produtiva, do comércio e das cadeias de fornecimento que se vão reconstruindo em muitos países,” disse Fikile Majola, Vice-Ministro do Departamento de Comércio, Indústria e Concorrência, da África do Sul, durante a cimeira.
A boa notícia é que existem sinais de que a recuperação do continente pode ser melhor do que o inicialmente previsto.
Prevê-se que a economia da África Subsariana cresça em 3,7% em 2021, de acordo com a mais recente previsão económica regional feita pelo Fundo Monetário Internacional. Embora este crescimento seja mais lento do que em muitas outras partes do mundo, constitui uma melhoria em relação às previsões anteriores.
“A recuperação tem um apoio de condições externas favoráveis no comércio e nos preços dos produtos básicos,” disse Abebe Aemro Selassie, director do Departamento Africano do FMI, numa conferência de imprensa, no dia 21 de Outubro. “Também beneficiou da melhoria das colheitas e do aumento da produção agrícola em vários países.”
Com o mundo inteiro a lidar com as evidentes interrupções da cadeia de fornecimento, existe uma necessidade de repensar o lugar do continente na economia global.
A África terá um papel preponderante a desempenhar em tudo isso, disse Inam, quando elogiava a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) pelo seu potencial de unir os países em vias de desenvolvimento que irão beneficiar do comércio como um bloco.
“Para um continente com estatísticas de crescimento fracas, a AfCFTA é um empreendimento oportuno e pode ser usado para aprofundar a integração dos países africanos nas cadeias de valores regionais e globais,” escreveu. “Embora a COVID-19 tenha interrompido o ritmo da iniciativa, ela ainda é muito promissora para o continente, visto que é uma autêntica ferramenta para a aceleração do processo de recuperação económica.”No