Ruanda Esforça-se para Produzir as Suas Próprias Vacinas Contra a COVID-19

EQUIPA DA ADF

O Ruanda, que ganhou elogios a nível mundial pela sua resposta à pandemia da COVID-19, está a negociar com os produtores da vacina para determinar como as doses podem ser produzidas localmente.

A única forma para garantir a equidade da vacina é produzindo mais vacinas onde elas são necessárias, o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, disse ao Painel Independente de Preparação e Resposta à Pandemia, da Organização Mundial de Saúde, no início de Maio.

Kagame disse que o Ruanda deseja produzir vacinas, utilizando a tecnologia do ARN mensageiro (ARm), que as vacinas contra a COVID-19 da Moderna e da Pfizer também utilizam.

“O Ruanda está a trabalhar com parceiros para trazer a primeira unidade de fabrico de ARNm para África,” disse Kagame, de acordo com o jornal The East African. “Enquanto a África continuar dependente de outras regiões para a obtenção de vacinas, iremos sempre estar no fim da fila, sempre que houver escassez.”

O anúncio de Kagame foi feito numa altura em que a entrega de vacinas por parte da Índia teve um atraso por causa do dramático número de infecções a nível doméstico. O Ruanda precisa de pelo menos 13 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 para vacinar 60% da sua população — aproximadamente 7,5 milhões de pessoas — até Junho de 2022.

Aquele país recebeu as suas primeiras vacinas no início de Março, através da COVAX, a iniciativa global para garantir a equidade da vacina.

A produção de vacinas contra a COVID-19 em Ruanda pode beneficiar todo o continente, Dr. Tharcisse Mpunga, Ministro de Estado do Ruanda, responsável pelos cuidados de saúde primários, disse numa reportagem do The East African.

“Existe esperança,” disse o Dr. Mpunga. “O Ruanda está a negociar com parceiros que estão dispostos a fabricar as vacinas a partir do Ruanda. Não posso afirmar exactamente quando, mas existe a esperança de que as negociações serão frutíferas.”

Os esforços do Ruanda vieram algumas semanas depois de a União Africana ter feito o lançamento das Parcerias para a Fabricação de Vacinas na África, em resposta aos apelos por parte de especialistas de todo o continente, para se aumentar a capacidade local de fabrico de vacinas. Senegal e África do Sul também deram indicações da sua intenção de fabricar vacinas contra a COVID-19.

A parceria da União Africana visa reforçar cinco locais de produção regional nos próximos 10 a 15 anos, estabelecendo parcerias financeiras e desenvolvendo as universidades africanas como centros avançados de pesquisas e desenvolvimento, entre outras coisas.

O Ruanda também irá receber 30 milhões de dólares em concessões e créditos do Banco Mundial para ajudar a adquirir e desenvolver vacinas, comunicou a Agência de Notícias do Ruanda, KT Press, em Abril.

“O financiamento irá também fortalecer os sistemas de saúde, procurando satisfazer as necessidades emergentes, tais como a melhoria do acesso à oxigenoterapia, ao rastreamento de doenças crónicas subjacentes e à protecção de serviços de saúde essenciais,” Uzziel Ndagijimana, Ministro das Finanças do Ruanda, disse à KT Press.

Entre os impedimentos para o fabrico local encontram-se as protecções de propriedade intelectual. Quase 100 países em vias de desenvolvimento submeteram requerimentos para a renúncia e a partilha da composição das doses da COVID-19, mas alguns países e produtores de medicamentos opõem-se à esta possibilidade, noticiou a Forbes.

O Ruanda é visto como líder no combate contra a COVID-19, classificando-se em primeiro lugar em África e em sexto lugar no mundo, pela forma como faz a gestão da pandemia, de acordo com o relatório do Instituto Lowy, um grupo de reflexão australiano.

Entre os principais factores para o sucesso do país estiveram a imposição de um confinamento obrigatório de seis semanas, pouco depois que o primeiro caso foi descoberto, a reabertura faseada em que os confinamentos obrigatórios locais continuaram onde os casos assim o exigiam, o uso de robots em centros de tratamento para proteger os profissionais do sector de saúde e ainda o uso de câmaras térmicas e robots para fazer o rastreio de visitantes nos aeroportos internacionais.

O Ruanda também destacou milhares de jovens voluntários em todo o país para informar os cidadãos sobre as directrizes e as restrições, enquanto uma rede de milhares de profissionais de saúde examinava as pessoas ao nível das comunidades.

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