COVID-19 Acentua a Demanda de Electricidade em África

EQUIPA DA ADF

A demanda pela electricidade em África está mais grave do que nunca, numa altura em que os hospitais e as clínicas se esforçam para manter as vacinas contra a COVID-19 congeladas e os respiradores a funcionar.

Aproximadamente 60% das unidades sanitárias da África Subsaariana não possui corrente eléctrica. Das que possuem corrente eléctrica, apenas 34% dos hospitais e 28% dos postos de saúde possuem energia confiável durante todo o dia, de acordo com o relatório do Banco Mundial, de 2019.

Devido à falta de corrente eléctrica, os geradores a diesel, muitas vezes, são a principal fonte de energia para as unidades sanitárias, Tony Carr, PCA da empresa de energia solar sediada na Nigéria, Starsight Energy, disse à revista Forbes.

“Para além disso, onde haja condições confiáveis da rede, os custos da electricidade podem ser relativamente altos em alguns países,” disse Carr. “O tamanho colossal de África significa que grandes áreas do continente não têm sequer qualquer rede.”

O número de pessoas do continente com acesso à energia eléctrica tem estado a aumentar desde 2013, mas a pandemia da COVID-19 reverteu esta tendência, noticiou a Forbes. Mais de 590 milhões de africanos não tinham energia eléctrica até 2020, um aumento de 13 milhões de pessoas em comparação com 2019, de acordo com o relatório World Energy Outlook.

A COVID-19 obrigou os governos a centrarem-se nas medidas de contenção, o que resultou na falta de fundos para a expansão e melhoria das infra-estruturas eléctricas.

No Uganda, as autoridades interromperam os subsídios públicos para um programa de acesso à energia eléctrica, enquanto as autoridades da África do Sul redireccionaram os fundos para ajudar os programas e as unidades sanitárias e de bem-estar social em detrimento da expansão da electrificação rural, comunicou a Agência Internacional de Energia.

Contudo, espera-se que cerca de 1.200 megawatts de energia solar fora da rede venham a entrar em uso este ano na África Subsaariana, excluindo a África do Sul, de acordo com a Forbes. Isso podia oferecer aos países formas eficientes e confiáveis para que os hospitais e outras instalações médicas se possam manter em funcionamento, permitindo o armazenamento de forma segura das vacinas contra a COVID-19 que devem ser mantidas congeladas.

A Starsight Energy pode oferecer um modelo de negócios para os outros poderem seguir. Ela retira os custos dos painéis solares, armazenamento de baterias e equipamento de arrefecimento para que os seus clientes comerciais e industriais não paguem por nenhum custo adiantado. Pelo contrário, a Starsight realiza auditorias de energia para os seus clientes e baseia os seus serviços na demanda pela energia. Os clientes pagam uma taxa mensal para monitoria, manutenção e apoio.

Durante a pandemia, os pescadores artesanais da Costa do Marfim e do Senegal utilizaram energia solar das unidades de cadeia de frio para conservar o seu pescado. A empresa de energia solar PEG África está na fase piloto do programa através do financiamento da Power África, uma rede de grupos privados e públicos criada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, comunicou a Reuters.

O programa também começou a fornecer sistemas alimentados por energia solar para a melhoria dos centros de saúde. Thierry Adonis, PCA da PEG Africa para a Costa do Marfim, disse que a tecnologia de cadeias de frio é particularmente importante para o armazenamento das vacinas.

“Caso os departamentos relevantes e os ministérios de saúde não sigam esta lógica de cadeia de frio, então, claramente as pessoas que vivem em zonas mais remotas não terão acesso à vacina,” disse Adonis à Reuters.

Em finais de Abril, os Estados Unidos anunciaram planos para colaborar num grande projecto de energia solar em Botswana e na Namíbia.

O Mega Projecto de Energia Solar poderia trazer energia solar renovável para centenas de milhares de famílias e empresas do Botswana, nos próximos 20 anos. As autoridades dizem que o projecto pode transformar o Botswana num produtor importante e um exportador de energia solar.

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