EQUIPA DA ADF
O Ruanda começou a sua campanha de vacinação contra a COVID-19 como o primeiro país africano a inocular a sua população com a vacina da Pfizer, que requer armazenamento em temperaturas extremamente baixas.
Profissionais de saúde e idosos foram os primeiros a receberem a vacina. O país pretende vacinar 30% dos seus 12 milhões de pessoas até finais do ano e 60% da população até finais de 2022.
Stephanie Nyirankuriza, de 90 anos de idade, recebeu a sua vacina num posto médico, no leste de Kigali.
“Isto significa que irei morrer no tempo de Deus, porque o coronavírus já não me pode matar,” Nyirankuriza disse à Reuters.
As pessoas esperavam nas instalações do posto médico durante 15 minutos depois de receberem a vacina para se certificarem de que não apresentam nenhum efeito colateral.
Urusaro Ntoranyi, de 70 anos de idade, estava ansioso para receber a vacina.
“Tenho filhos que contraíram a COVID-19,” disse à Reuters, acrescentando que eles sobreviveram, mas dois outros familiares morreram.
Para além da vacina da Pfizer, produzida nos Estados Unidos, o Ruanda também recebeu a vacina da AstraZeneca, desenvolvida no Reno Unido. A COVAX, o plano global de distribuição equitativa das vacinas, coordenou a entrega.
O país instalou uma infra-estrutura especial para manter as vacinas da Pfizer armazenadas na temperatura exigida, de menos 70 graus Celsius. Um funcionário do Ministério de Saúde do Ruanda disse à Agence France-Presse que as vacinas foram “imediatamente transportadas para os frigoríficos” quando chegaram em Kigali.
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA concluiu, em Fevereiro, que a vacina da Pfizer ainda pode ser eficaz por até duas semanas quando transportada e armazenada em temperaturas de refrigeradores farmacêuticos convencionais.
As autoridades distribuíram as vacinas a partir do armazém do Centro Biomédico do Ruanda aos hospitais distritais e depois a todos os 508 centros de saúde do país, de acordo com um relatório do jornal ruandês, Taarifa. Helicópteros efectuaram a entrega de vacinas em zonas remotas.
“Estas doses de vacinas contra a COVID-19, da facilidade da COVAX, representam um esforço global sem precedentes para se ter acesso equitativo às vacinas contra a COVID-19,” Dra. Kasonde Mwinga, representante da Organização Mundial de Saúde no país, disse ao jornal.
O Dr. Daniel Ngamije, Ministro de Saúde do Ruanda, disse que aqueles que já receberam a vacina devem continuar a observar as medidas de prevenção, incluindo o uso de máscaras, o distanciamento físico, evitar aglomerados e a lavagem das mãos. Ngamije também disse ao Taarifa que o governo continuará a negociar com organizações internacionais e outros governos para adquirir mais vacinas.
A abordagem do Ruanda em relação à pandemia ganhou elogios a nível mundial. Com apenas um médico para cada 10.000 pessoas, o Ruanda foi o primeiro país africano a impor um confinamento obrigatório total que também encerrou as fronteiras do país. O país começou a testar a COVID-19 em viajantes, em Janeiro de 2020.
Em Abril de 2020, um mês depois de o vírus ter sido detectado no país, a Polícia Nacional Ruandesa destacou drones controlados remotamente para informar os residentes de Kigali sobre o vírus e fazer cumprir as medidas do confinamento obrigatório.
A carência de máscaras cirúrgicas e de equipamento de protecção individual a nível global fez com que muitas empresas ruandesas produzissem o seu próprio material. Wilfred Ndifon, do Instituto Africano de Ciências Matemáticas, no Ruanda, desenvolveu uma forma rápida, eficaz e barata de testar as pessoas por lotes para o despiste do vírus.
Mesmo antes de ter confirmado o seu primeiro caso de COVID-19, o Ruanda criou lavatórios móveis e estações de lavagem das mãos em toda a cidade de Kigali para se proteger do vírus.