EQUIPA DA ADF
Um barco transportando marinheiros das forças especiais do Gana acelerou para o Golfo da Guiné. Quando parou ao lado de um guindaste flutuante de grandes dimensões, os marinheiros subiram por uma escada e revistaram o navio com armas em punho.
O exercício, realizado em conjunto com os marinheiros da Polónia, Dinamarca e Holanda, marca o começo do Obangame Express 2021 (OE21), o maior exercício militar marítimo internacional da África Ocidental.
OE21, um exercício com a duração de 13 dias, no Golfo da Guiné e no Oceano Atlântico, é patrocinado pelo Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM), dirigido pelas Forças Navais dos EUA para a Europa-África e conta com a Marinha Ganense com anfitrião. O exercício do ano passado foi cancelado por causa das restrições impostas pela COVID-19 e substituído por um simpósio virtual.
O exercício visa melhorar a cooperação regional, a conscientização do domínio marítimo, as práticas de partilha de informação e a experiencia táctica no combate à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), pirataria, terrorismo, contrabando de drogas e de armas assim como tráfico de seres humanos.
Os treinos incluem técnicas de abordagem, operações de busca e salvamento, resposta médica para vítimas, comunicação via rádio e técnicas de gestão de informação.
“Obangame Express permite que possamos desenvolver habilidades, com os nossos parceiros regionais, que terão um impacto duradouro sobre a segurança regional no Golfo da Guiné e no Oceano Atlântico,” disse o Contra-almirante Michael Baze, director do quartel-general das Forças Navais dos EUA para a Europa-África. “Os nossos últimos exercícios levaram a histórias de sucesso tangíveis e da vida real, e o OE21 é uma oportunidade de reforçar esses sucessos.”
A cerimónia de abertura em Acra, Gana, envolveu 31 países, incluindo 20 do continente africano. Para além dos EUA, o exercício incluiu países como Canada, França, Alemanha, Itália e Espanha.
Ao discursar na cerimónia de abertura, o Vice-almirante Seth Amoama, chefe do Pessoal de Defesa das Forças Armadas do Gana, observou que houve 18 incidentes marítimos incluindo ataques contra navios comerciais que foram reportados no Golfo da Guiné desde Janeiro.
“Os desafios de segurança marítima no Golfo da Guiné precisam de ser considerados como um todo porque estão interrelacionados,” disse Amoama. “A pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, o tráfico de droga, o contrabando de mercadorias e de armas, o tráfico de seres humanos e a ameaça de pirataria e assaltos a mão armada no mar afectam de forma adversa todos os países do Golfo da Guiné, daí a necessidade de uma abordagem integrada para lutar contra estes crimes.”
Estes desafios ameaçam não apenas as economias dos países da região, mas também o comércio global e a segurança económica, acrescentou Amoama.
“Historicamente, sempre que um grupo de países enfrentou uma ameaça em comum, a tendência é de que eles unificaram os seus esforços,” disse.
Os países do Golfo da Guiné, desde Senegal a Angola, ao longo de 6.000 quilómetros de linha de costa, possuem uma estimativa de 24 bilhões de barris de reservas de petróleo bruto — 5% do total global. A região é valiosa para o comércio internacional, essencial para as economias regionais e é vista como sendo de importância fundamental para a prosperidade dos países do interior.
Mas os recursos naturais abundantes e a segurança marítima inconsistente fazem com que a região esteja susceptível ao crime.
Cerca de 40 toneladas de cocaína passam pela África Ocidental anualmente, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Apesar de a pirataria ter reduzido a nível global, ela está a aumentar no Golfo da Guiné, onde os ataques aumentaram para 40%, entre Janeiro e Outubro de 2020.
Por cerca de 20 anos, a pesca INN tem sido um desafio crescente na região, onde aproximadamente 7 milhões de pessoas dependem da pesca para obterem um rendimento e até 50 milhões estão em risco de segurança alimentar e má nutrição.
Arrastões industriais estrangeiros fizeram com que muitas populações de peixe, em muitas zonas, chegassem ao ponto de colapsar, e trabalhadores africanos a bordo de arrastões têm comunicado tratamento desumano.
Existe uma tendência de os grupos de criminosos utilizarem a pesca INN como disfarce para o contrabando de drogas e de armas, de acordo com a Ecotrust Canada, uma instituição não-governamental sem fins lucrativos virada para a gestão de locais de pesca.
Agora, no seu 10º ano, o Obangame Express é um dos três exercícios regionais organizados pelas Forças Navais dos EUA para a Europa-África.
O exercício apoia o Código de Conduta de Yaoundé, assinado por 25 países da África Ocidental e Central, em 2013. O código fornece a estrutura para a realização de operações conjuntas, partilha de inteligência e uma harmonização de estruturas jurídicas.
O Tenente da Marinha do Togo, Tchamdga Balakiyem, disse que o exercício reforça o espírito de cooperação entre os países participantes.
“Precisamos de treinar antes de ir para o mar porque a situação de segurança não é das melhores,” disse o Tenente Balakiyem. “Para enfrentar a pirataria e os assaltos a mão armada, deve haver cooperação mútua entre os países.”