Marinhas Unem-se Para Exercício de Segurança Marítima no Golfo da Guiné

EQUIPA DA ADF

Quando o Comandante Prince Boateng, de nacionalidade ganense, regressou a casa, em Março, estava trajado do uniforme da Marinha dos EUA. Ele fez parte do Obangame Express 2021 (OE21), um exercício de segurança marítima com a duração de 13 dias, patrocinado pelo Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM) e dirigido pelas Forças Navais dos EUA para a Europa-África. O exercício contou com a participação de 31 países, 20 dos quais eram africanos.

Boateng, um reserva das Forças Navais dos EUA para a Europa-África/6ª Frota dos EUA, compreendeu, em primeira mão, a importância do exercício que tinha como anfitrião a Marinha do Gana.

“Estamos aqui para ajudar a marinha ganense e as marinhas do Golfo da Guiné a trabalharem juntas para ajudarem a proteger os seus próprios recursos e certificar que os recursos estejam a ser usados pelas pessoas certas, as pessoas a quem os mesmos pertencem,” disse Boateng à American Forces Network Europe (AFN Europe). “Estou muito emocionado de poder ter a oportunidade de vestir um uniforme da Marinha dos EUA no lugar onde eu nasci.”

O objectivo do OE21 era de melhorar a cooperação regional, a conscientização do domínio marítimo, as práticas de partilha de informação e a experiência táctica no combate à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), pirataria, terrorismo, contrabando de drogas e de armas assim como tráfico de seres humanos. O exercício terminou no dia 27 de Março.

Os exercícios de treino marítimo no Golfo da Guiné e no Oceano Atlântico incluem técnicas de abordagem, operações de busca e salvamento, resposta médica às vítimas, comunicação via rádio e técnicas de gestão de informação. Tropas ganenses, dinamarquesas, alemãs e polacas também participaram num exercício de técnicas de tiro em terreno urbano.

Outros países participantes são Canadá, França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido.

O Comandante da Marinha do Gana, Yussif Benning, director interino do Centro de Coordenação Marítima Multinacionalda Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, disse que o OE21 ajudou os países africanos a tirarem vantagem dos seus pontos fortes para fazerem parcerias com os seus amigos ou vizinhos para que tenham um ambiente de segurança mais holístico.

“É uma oportunidade para ganhar mais habilidades para melhorar a nossa compreensão colectiva, edificar a confiança a níveis pessoal e colectivo,” disse Benning à AFN Europe.

Os membros da Marinha dos EUA formaram os participantes no uso do Sea Vision, uma ferramenta baseada na internet que permite que os usuários utilizem e partilhem uma diversidade de informações para melhorar as operações marítimas. Criado pelo Departamento de Transporte dos EUA, em 2007, o Sea Vision é uma ferramenta de conscientização do domínio marítimo não classificada que exige apenas uma ligação à internet, nome de usuário e palavra passe. Ela permite que os usuários rastreiem embarcações comerciais a nível global, utilizando dados recolhidos de radares costeiros, satélites e outras fontes.

O Sea Vision já ajudou alguns países a partilharem informação além-fronteiras e coordenar esforços para responder a ameaças tais como a pirataria. “De Angola a Mauritânia e Marrocos. Todos têm uma ou duas contas. Eles utilizam-no e trocam informação de um lado para outro,” disse David Rollo, gestor de projectos de conscientização do domínio marítimo nas Forças Navais dos EUA para a Europa-África.

O Obangame ajuda os profissionais da conscientização do domínio marítimo a trabalharem juntos num cenário que faz uma simulação das ameaças da vida real. Antes do Sea Vision, “não tínhamos uma forma de ter uma imagem de operações comuns com os nossos parceiros quando estivéssemos a fazer estes exercícios,” disse Rollo. “Então, pode ser um pouco perigoso se não rastrearmos as nossas forças. Por isso, não era apenas para os nossos parceiros utilizarem, mas para nós utilizarmos.”

Recursos naturais abundantes e uma falta de segurança marítima tornam o Golfo da Guiné um lugar susceptível ao crime. Cerca de 40 toneladas de cocaína passam pela África Ocidental anualmente, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. A pirataria, a pesca INN e o contrabando de armas e de drogas estão a aumentar.

“O Obangame Express é bom para todas as marinhas participantes,” Tenente-Comandante da Guarda Costeira Ganense, William Kofi, disse à AFN Europe. “Irá ajudar a unirmo-nos, especialmente as marinhas da África Ocidental, para que possamos lidar com os diversos crimes com que somos confrontados. Os vários países sozinhos não podem dar conta das situações de segurança marítima que temos.”

OE21 também contou com um exercício virtual de preparação e resposta à pandemia, envolvendo médicos especialistas da Costa do Marfim, Gabão, Gana, Libéria, Nigéria e Senegal, assim como dos EUA e do Reino Unido.

Os participantes trocaram lições aprendidas da COVID-19 e de epidemias anteriores.

“O objectivo deste encontro, assim como do Obangame Express 21, é de aumentar a cooperação e a interoperabilidade regionais. Este evento centra-se em como podemos fazer isso a partir de uma perspectiva médica,” disse a tenente da Marinha dos EUA, Amy Welkie, a coordenadora do evento. “Isso permitiu que pudéssemos estabelecer e edificar parcerias com as nossas contrapartes médicas de todo o Golfo da Guiné.”

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