Artista Nigeriano Transforma Lixo em Lavatórios para Lavagem das Mãos

EQUIPA DA ADF

A trabalhar debaixo de um sol escaldante, Bamigbose Adams levou um formão para o topo de um tambor metálico reciclado. Dentro de alguns minutos, o artista nigeriano já tinha esculpido um buraco rectangular, mesmo do tamanho de um lavatório.

O tambor foi em pouco tempo transformado num dos cerca de cem lavatórios para a lavagem das mãos operados por meio de um pedal que Adam produziu durante a pandemia da COVID-19. Os lavatórios foram vendidos a hospitais, escolas, empresas e lares para promover a lavagem das mãos — algo que é essencial para a prevenção da doença.

O interesse criativo e empreendedor de Adams foi despoletado quando ele se apercebeu do grande número de tambores metálicos descartados nas lixeiras de Lagos.

“O que posso fazer para ajudar nesta situação?” Adams, que gere a casa de arte denominada Above Ground Level Artistry, disse à Reuters. “Assim, obtive o primeiro tambor e experimentei e publiquei na internet, e as pessoas começaram a solicitar.”

Os lavatórios, muitas vezes, são pintados com cores vivas. Eles podem ser entregues em todo o país e são vendidos a cerca de 30.420 nairas, o que corresponde a 80 dólares.

“Quando começamos e a procura estava no seu pico, fabricávamos pelo menos 10 estações por dia,” Adams, que obteve o grau de licenciatura em economia pela Universidade de Uyo, disse à ADF num e-mail. “Mas agora a procura diminuiu drasticamente. Antes da COVID, éramos recicladores e produzimos muitos artigos reciclados. Iniciamos a produção pós-COVID com o mesmo tambor para fazer churrasqueiras.”

A empresa também produz mesas ecológicas, espelhos e outras mobílias a partir de pneus descartados. Emmanuel Ogbu, que trabalha com Adams, disse que eles realizaram formações online para outras pessoas interessadas em transformar lixo em ferramentas de combate ao vírus.

“No futuro, esperamos ter uma oficina onde os nigerianos possam vir aprender e ver o que são capazes de fazer com coisas que estão ao seu redor,” disse Ogbu ao Africanews.

Suleiman Adamu, Ministro dos Recursos Aquáticos da Nigéria, disse que o país fez progressos nos esforços para garantir que os seus residentes tenham acesso à água.

“Sobretudo quando se trata de um número de agregados familiares terem acesso a serviços básicos como a água — não podemos nos contentar com a situação,” disse Adamu, na página da internet do UNICEF. “Iremos procurar analisar a nossa estratégia global, com base nestas descobertas [do UNICEF], para ver como podemos fortalecer todas as áreas da água, saneamento e higiene na Nigéria.”

Inovações como as estações de lavagem das mãos destacaram a resposta da Nigéria à pandemia.

Em Outubro de 2020, pesquisadores nigerianos desenvolveram um kit de testes da COVID-19 fácil de usar, que produz resultados em alguns minutos. O kit custa 25 dólares, mais barato em relação ao kit de 130 dólares utilizado anteriormente.

“O teste é algo que se pode transportar de forma confortável e utilizar como um kit de testes [faça você mesmo],” Dr. Chika Onwuamah, um biólogo do Instituto de Pesquisas Médicas da Nigéria, disse ao The Telegraph. “É possível testar 32 pessoas em uma hora com um único pacote.”

Em Maio de 2020, o Instituto de Tecnologia das Forças Aéreas da Nigéria desvendou ventiladores, produzidos a nível local, para resolver a questão da falta das máquinas que ajudam as pessoas a respirar.

“Os ventiladores irão ajudar muito não apenas os pacientes do coronavírus, mas também outros que tenham doenças respiratórias,” Capitão Osichinaka Ubadike, disse à BBC.

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