EQUIPA DA ADF
Depois de aproximadamente um ano de luta contra a pandemia da COVID-19, África está a obter reforços.
As entregas de vacinas estão a começar, mesmo numa altura em que uma segunda vaga de infecções assola o continente.
A COVAX, o sindicato de distribuição que pretende fornecer bilhões de doses aos países de média e baixa renda, recentemente recebeu um reforço da Pfizer. A empresa farmacêutica americana anunciou, no dia 22 de Janeiro, que irá fornecer ao programa até 40 milhões de doses da sua vacina da COVID-19.
“A chegada destas vacinas é uma promessa de que somos capazes de alterar o quadro desta doença que causou tanta devastação e dificuldades no nosso país e no mundo,” disse o presidente Cyril Ramaphosa, num discurso dirigido à nação, no dia 1 de Fevereiro.
Desde que a pandemia eclodiu, em 2020, mais de 3,5 milhões de casos de COVID-19 foram confirmados no continente e aproximadamente 89.000 pessoas morreram, de acordo com as estatísticas publicadas no dia 28 de Janeiro pelo Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC).
Os países africanos registaram 18.000 novos casos por dia durante a primeira vaga em 2020. A segunda vaga está a produzir cerca de 30.000 casos por dia.
“Está a assolar de forma muito, muito forte,” disse o director do África CDC, John Nkengasong, num comunicado publicado recentemente, observando que o número de mortes confirmadas aumentou em 21% numa semana de Janeiro, com mais de 5.400 óbitos.
Embora alguns países de renda média, como Egipto, Marrocos e Seicheles, já tenham dado início às vacinações, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que apenas um quarto dos países africanos tem planos adequados para financiar a aquisição e distribuição de doses.
Em Abril de 2020, a OMS fez uma parceria com a Coligação para as Inovações de Preparação para a Epidemia e a Gavi, a Aliança da Vacina, para criar a COVAX. Desde essa altura, 190 países juntaram-se ao consórcio para responderem ao objectivo de garantir acesso equitativo às vacinas durante a pandemia.
Aprovado para uso em casos de emergência pela OMS, a vacina da Pfizer-BioNTech consiste em duas aplicações, com a segunda dose a ser aplicada após três ou quatro semanas – significando que o acordo de Janeiro, da COVAX, irá vacinar pelo menos 20 milhões de pessoas.
Numa conferência de imprensa virtual do dia 3 de Fevereiro, a chefe de imunização da OMS, Dra. Ann Lindstrand, disse que o primeiro envio de 1,2 milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech iria arrancar com a distribuição “possivelmente até finais do mês de Fevereiro ou início do mês de Março.”
Cabo Verde, Ruanda, África do sul e Tunísia serão os primeiros países em África a receberem a vacina da Pfizer, afirmou, observando as condições para as cadeias de armazenamento extremamente frias que aquela vacina exige.
A África do Sul também garantiu 20 milhões de doses adicionais da Pfizer, de acordo com o Ministro de Saúde, Dr. Zweli Mkhize. Ele disse que o armazenamento da vacina da Pfizer/BioNTech, que precisa de ser conservada a menos 70 graus Celsius, não será um problema.
“Temos alguma capacidade, principalmente em instituições académicas,” disse ao The Sunday Times. Existem empresas que agora estão a apresentar-se, que oferecem soluções de armazenamento e transporte.”
O PCA da Gavi, Seth Berkley, afirmou, em Janeiro último, que a COVAX pretende fazer a entrega de 2,3 bilhões de doses até ao fim do ano, incluindo 1,8 bilhões de doses gratuitas para países de baixa renda.
A OMS espera arrancar com as vacinações em todos os países do mundo até finais de Abril e espera ter as populações de alto risco vacinadas até meados do ano corrente.
“A chegada das vacinas dá a todos nós uma luz no fundo do túnel,” disse o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aos repórteres. “Mas apenas iremos acabar verdadeiramente com a pandemia se o fizermos em todos os lugares ao mesmo tempo.
“Este acordo com a Pfizer irá permitir que a COVAX salve vidas, estabilize os sistemas de saúde e impulsione a recuperação da economia global.”