Pesquisadores Identificam Nova Variante da COVID-19 no Quénia

EQUIPA DA ADF

Pesquisadores quenianos afirmam ter descoberto uma nova variante do vírus da COVID-19 em amostras colhidas no Condado de Taita Taveta, no sudeste do país.

Eles afirmam que a variante só existe no Quénia e ainda não apareceu em outros países até agora. O anúncio faz com que Quénia seja o mais recente país africano a identificar uma variante, depois da África do Sul e da Nigéria.

As variantes estão a impulsionar a segunda vaga de infecções que assolam o continente. As infecções aumentaram em 50% entre finais de Dezembro de 2020 e finais de Janeiro de 2021, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

A OMS está a ajudar os países a reforçarem as suas capacidades de detectar e responder a novas variantes, enviando amostras para os laboratórios de sequenciamento e fornecendo suprimentos e orientação técnica.

De acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, África registou mais de 3,5 milhões de casos até finais de Janeiro — um número que é três vezes maior do que o registado até Agosto de 2020. Aproximadamente 89.000 africanos morreram vítimas de COVID-19 desde que a pandemia começou, há um ano.

Investigadores do Instituto de Pesquisas Médicas do Quénia descobriram a nova variante durante o sequenciamento de amostras trazidas de oito países.

De acordo com o Dr. Charles Agoti, que liderou a equipa de pesquisas, a variante estava presente na maioria das amostras colhidas no Condado de Taita Taveta, o que sugere que a mesma está a propagar-se facilmente naquele ponto. A variante apenas possui uma alteração no seu código genético, em comparação com mais de meia dezena das variantes da África do Sul e da Nigéria.

Agoti disse ao The Nation que ainda é muito cedo para afirmar com toda a certeza como a nova variante irá afectar a propagação da COVID-19, no Quénia. São necessários mais testes.

O número limitado de alterações genéticas significa que a variante queniana deverá responder às actuais vacinas, disse Agoti à Bloomberg.

Uma vez que os pesquisadores sequenciaram amostras do vírus provenientes de menos de um quinto dos 47 condados do Quénia, é difícil saber a amplitude da propagação da nova variante, afirmou Agoti.

Moses Masika, um virologista da Universidade de Nairobi, disse à emissora nigeriana News Central TV, em finais de Janeiro, que apenas metade de 1% de casos positivos da COVID-19 do Quénia foram sequenciados para estudos.

“O número que foi sujeito a sequenciamento — 500 num total de 100.000 — não é suficiente para afirmar que conhecemos todas as variantes do país,” disse Masika.

As variantes surgem naturalmente à medida que o vírus se replica e se move no seio de uma população. Cada vez que se replica, ele cria uma possibilidade de mutação no código genético do vírus. Algumas mutações não fazem qualquer diferença; outras podem criar novas estirpes que são imunes às vacinas. Fazer a monitoria das variantes ajuda os especialistas da área de medicina a reagirem de forma rápida às mudanças.

Os coronavírus, como o que causa a COVID-19, passam por mutações de forma rápida porque tendem a fazer alterações na sua constituição genética à medida que se replicam numa célula hospedeira infectada.

Com excepção de uma população totalmente vacinada, as autoridades de saúde pública continuam a enfatizar as actividades não médicas como máscaras, lavagem das mãos e distanciamento social como as melhores formas de parar a propagação do vírus. Fazer isso também limita o seu potencial de criar mais variantes.

“África está numa encruzilhada. Devemos ater-nos às nossas armas e duplicarmos as tácticas que sabemos que funcionam tão bem,” Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África, disse num comunicado. “Um número incontável de vidas depende disso.”

Enquanto África se prepara para fazer a distribuição de milhares de doses de vacinas nos meses que se avizinham, Masika disse que os países precisam de investir mais fundos no sequenciamento das amostras dos vírus de modo a rastrear a propagação das variantes.

“Isso ajuda-nos a continuar à frente, para permitir que saibamos se as vacinas que planeamos dar à nossa população pelo menos funcionam,” disse Masika.

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