Nigéria Obrigada a Adaptar-se ao Plano da Vacina

EQUIPA DA ADF

Envolvida numa segunda vaga mortal da COVID-19, a Nigéria está quase pronta para responder com a melhor arma que a ciência pode oferecer — uma vacina.

A sua meta ambiciosa é de vacinar 40% dos seus cidadãos até finais deste ano, mas o país mais populoso de África está a contar com dezenas de milhares de doses que ainda não possui.

O governo divulgou um plano de distribuição exaustivo, mas está em plena evolução devido a um série de desafios locais e globais complexos.

“A Agência Nacional de Desenvolvimento de Cuidados de Saúde Primários indicou que as vacinas serão administradas em quatro fases,” o Presidente do Fórum de Governadores da Nigéria, Kayode Fayemi, anunciou no dia 21 de Janeiro. “Eles baseiam-se no tipo e na disponibilidade da vacina, inicialmente para os profissionais de saúde da linha da frente e posteriormente para os idosos (55 anos de idade e mais), pessoas com doenças crónicas e outros grupos-alvo.”

O país de mais de 200 milhões de habitantes tem 121.566 casos confirmados e 1.497 mortes, de acordo com as estatísticas do dia 24 de Janeiro do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. Contudo, as autoridades estimam que existem mais infecções por causa de uma significativa carência de testes.

Em finais de Janeiro, a Nigéria estava a registar novos recordes de casos diários, de acordo com o Dr. Faisal Shuaib, membro da força-tarefa da COVID-19 na Nigéria.

“Nas últimas semanas, começamos a verificar um aumento no número de casos,” disse num podcast das Nações Unidas, no dia 25 de Janeiro. “Começamos também a verificar a superlotação de alguns centros de isolamento.

“A realidade é que a segunda vaga já chegou à Nigéria.”

Shuaib, que é também director-executivo da agência de cuidados de saúde, ajudou a criar os planos da Nigéria para o alcance da imunidade comunitária através da vacinação de 70% da população — 40% este ano e 30% até finais de 2022. Para fazer isso, o governo está a preparar um orçamento de quase 2 bilhões de dólares para vacinas, infra-estruturas e distribuição.

O custo é apenas um dos desafios que a Nigéria enfrenta. A procura global pelas vacinas é extremamente alta, enquanto a oferta é relativamente baixa. A maior parte das infra-estruturas necessárias, tais como cadeias de armazenamento em temperaturas extremamente baixas, são praticamente inexistentes. Outros problemas que contribuem para que a tarefa logística seja assustadora têm a ver com as condições das estradas, a densidade populacional e o clima.

Enquanto o vírus continua a propagar-se ao longo deste ano e do próximo, o Presidente Muhammadu Buhari apelou aos cidadãos para observarem rigorosamente as medidas de prevenção.

“Manter o nosso país seguro contra um ciclo de ressurgimento de COVID-19 enquanto esta administração conclui os planos para aquisição e distribuição de forma eficiente e eficaz das vacinas da COVID-19 é uma tarefa de todos nós e que todos devemos dela partilhar,” disse na sua transmissão do dia 1 de Janeiro.

A Nigéria espera receber 42 milhões de vacinas para 20% da sua população através da iniciativa global denominada COVAX. Isso inclui a primeira entrega do país — 100.000 doses da vacina da Pfizer.

Shuaib disse que o primeiro lote protegeria 50.000 pessoas, o equivalente a 0,00025% da população da Nigéria. Ele também disse que a Nigéria adquiriu três frigoríficos com capacidade de produzir temperaturas extremamente baixas para armazenar as doses da Pfizer nas temperaturas que a mesma exige.

Sinalizando para um súbito pivô para as vacinas que podem ser armazenadas em frigoríficos normais, ele disse numa comunicação da força-tarefa que “as vacinas da AstraZeneca/Oxford são as vacinas em que pretendemos investir, porque já temos a infra-estrutura em todo o país para o seu armazenamento.”

Numa conferência de imprensa online de 25 de Janeiro, Boss Mustapha, presidente da força-tarefa, transmitiu notícias, na maioria más, e um desenvolvimento positivo:

  • as 100.000 doses da vacina da Pfizer, que se espera que cheguem em finais de Janeiro, tiveram um atraso de duas a quatro semanas por causa de problemas de fornecimento e fabrico.
  • Cientistas que se dedicavam ao sequenciamento das variantes da COVID-19 descobriram vários casos da estirpe mais contagiosa registada primeiramente no Reino Unido.
  • Na semana transacta, a Nigéria realizou 58.974 testes e confirmou 11.179 casos com 62 mortes.
  • Uma requisição de 10 milhões de doses foi emitida através da Equipa Tarefa Africana para Aquisição da Vacina da Comissão da União Africana, que garantiu 270 milhões de doses provisórias com 2 bilhões de dólares em financiamento através do Banco Africano de Exportações e Importações para uma abordagem de toda a África.

Esperar por mais boas notícias pode ser a parte mais difícil.

“Gostaríamos de garantir a todos os nigerianos que as vacinas serão seguras e eficazes quando eventualmente forem implementadas,” disse Mustapha. “Gostaríamos que todos pudessem aderir à campanha para eliminar o receio pela vacina.”

Comentários estão fechados.