Enquanto as investigações da OMS Começam, China Promove Teorias Desmistificadas

EQUIPA DA ADF

Com os investigadores da Organização Mundial de Saúde finalmente no terreno à procura da origem da pandemia da COVID-19, as autoridades chinesas começaram a intensificar a sua própria “infodemia” da COVID-19 – levantando as teorias anteriormente desmistificadas sobre a doença e questionando a eficácia das vacinas do Ocidente.

As teorias ecoam pelos órgãos de comunicação estatais em todo o mundo.

“O seu objectivo é de inverter a culpa pela má gestão do governo chinês nos primeiros dias do surgimento da pandemia para colocá-la em conspiração dos EUA,” Fang Shimin, um escritor de matérias ligadas a ciências que rastreia falsas afirmações científicas, disse à The Associated Press.

A OMS passou grande parte do ano de 2020 a negociar com as autoridades chinesas quanto aos parâmetros da actual investigação. Os líderes chineses resistiram a uma investigação independente durante meses. Mesmo depois de terem cedido, eles lançaram um bloqueio de última hora que causou um atraso da chegada da equipa à cidade de Wuhan por uma semana.

Não foi permitida a entrada de dois membros depois de terem testado positivo para anticorpos da COVID-19 enquanto estavam em trânsito. A restante parte da equipa internacional de doze investigadores chegou no dia 14 de Janeiro a Wuhan, a cidade central chinesa onde os primeiros casos de COVID-19 apareceram no final de 2019. Eles passaram as primeiras duas semanas em quarentena, a trabalhar de forma virtual com investigadores chineses.

Depois de saírem da quarentena, eles têm até o começo do Ano Novo Lunar, no dia 12 de Fevereiro, para realizarem o seu próprio trabalho de campo. Não existe clareza sobre o que irão encontrar no mercado de produtos frescos que foi identificado como o provável epicentro da pandemia. As autoridades chinesas encerraram o mercado e esterilizaram-no pouco depois do início do surto.

Um relatório do Departamento de Defesa dos EUA divulgado em meados de Janeiro sugere que o vírus pode ter escapado do Instituto de Virologia de Wuhan quando trabalhadores daquele lugar ficaram infectados, replicando um evento semelhante que aconteceu com o vírus da SARS, em 2004. As autoridades chinesas não admitiram esta possibilidade.

Num relatório divulgado no dia 18 de Janeiro, o Painel Independente de Preparação para a Pandemia, co-liderado pela antiga Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, e pela antiga Primeira-Ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, criticou a Organização Mundial de Saúde, o governo chinês e a resposta internacional à pandemia em geral por serem lentos na sua abordagem para enfrentar os desafios da COVID-19.

A pandemia da COVID-19 deve ser um catalisador de “mudanças fundamentais e sistemáticas na preparação para futuros eventos da mesma natureza,” de acordo com o mesmo relatório.

Os líderes chineses continuam a tentar retirar a culpa do surto de Wuhan e dos seus próprios atrasos documentados em comunicar o vírus à OMS. A imprensa e as redes sociais chinesas estão a promover repetidamente teorias desmistificadas, tais como a ideia de que o vírus foi criado pelos Estados Unidos. Especialistas que estudaram o vírus afirmam que não existe indicação de que o vírus tenha sido criado pelo homem.

Enquanto estava em quarentena, o zoologista e parasitologista britânico-americano, Peter Daszak, publicou vários artigos que defendem a hipótese prevalecente de que a COVID-19 teve origem em morcegos. Algumas das suas publicações foram feitas em resposta a desinformações que afirmavam o contrário.

Entretanto, a China começou a utilizar a imprensa estatal para descredibilizar a eficácia da vacina da Pfizer, que se tornou a principal vacina produzida contra o vírus da COVID-19.

A vacina da Pfizer possui uma taxa de eficácia de 95% contra o vírus. Um estudo brasileiro concluiu que a vacina da China, que o governo afirma que tem uma taxa de eficácia de 78%, é apenas pouco mais de 50% quando se incorporam casos ligeiros.

Desde a propagação da COVID-19 no início de 2020, aproximadamente 100 milhões de pessoas contraíram o vírus no mundo inteiro e mais de 2 milhões de pessoas morreram.

“Cada morte trata-se de parceiro de alguém, filho de alguém, amigo de alguém,” disse o Director-Geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante o informe semanal da OMS, no dia 25 de Janeiro.

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