Aumento de Infecções Leva Escolas a Encerrarem de Novo

EQUIPA DA ADF

Enquanto a segunda vaga da COVID-19 aumenta e a promessa de vacinas ainda está no horizonte, muitos países estão a encerrar as escolas como parte das contramedidas rigorosas.

Estes encerramentos das escolas são particularmente difíceis nos países em desenvolvimento onde o ensino não presencial, muitas vezes, é impossível. Quase 90% dos alunos da África Subsaariana não possuem computadores em casa, e 82% são incapazes de sequer aceder à internet, de acordo com dados das Nações Unidas.

“Já existia uma crise do ensino antes do surgimento da COVID-19,” disse o Chefe da Área do Ensino do UNICEF Global, Robert Jenkins, em Junho de 2020. “Agora estamos a prever uma crise ainda mais problemática e mais profunda do sector de ensino.”

Mesmo assim, os pais e os governos estão extremamente preocupados com a subida vertiginosa das taxas de infecção. Em Dezembro último, África tinha mais de 2,5 milhões de casos e mais de 59.000 mortes, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. Cerca de um mês depois, o continente registou um acréscimo de mais de 1 milhão de casos e mais de 30.000 mortes.

Cerca de 825 milhões de alunos em África são afectados por encerramentos de escolas devido ao coronavírus, de acordo com as estatísticas do UNICEF, divulgadas no dia 12 de Janeiro.

Para muitas crianças do continente, esta é a segunda vez que as suas escolas são encerradas.

O Malawi fez o mesmo no dia 18 de Janeiro quando o presidente, Lazaruz Chakwera, anunciou, num discurso televisionado, que as escolas ficariam encerradas por três semanas, depois de ter sido registado um aumento significativo de casos de COVID-19 durante um período de duas semanas.

“Chegou a altura de fazer cumprir estas coisas para o bem comum,” disse. “Os alunos dos internatos irão, contudo, permanecer no campus até que as autoridades de saúde determinem se é seguro eles irem para casa ou não.”

Em meio a um aumento de infecções, o Governo do Ruanda impôs um outro confinamento obrigatório na capital, Kigali, e encerrou as escolas no mesmo dia.

Poucos dias antes, a África do Sul adiou a reabertura das escolas até ao dia 15 de Fevereiro. O país com o maior número de casos em África tem sido assolado por uma estirpe nova e mais infecciosa do vírus.

“Dada a pressão experimentada pelos sistemas de saúde nas semanas que se passaram, ocasionadas pelo aumento de infecções pela COVID-19, o que causou o surgimento de uma segunda vaga, o Conselho de Educação tomou a decisão de adiar a reabertura de todas as escolas públicas e privadas,” disse a Vice-Ministra do Ensino Básico, Reginah Mhaule, numa conferência de imprensa.

Na Zâmbia, a reabertura das escolas estava prevista para 18 de Janeiro, mas foi adiada por duas semanas para o dia 1 de Fevereiro. No Zimbabwe, no dia 29 de Janeiro, o Vice-Presidente, Constantino Chiwenga, prorrogou o confinamento obrigatório de um mês por mais duas semanas, enquanto as escolas continuam encerradas sem data prevista para a reabertura. No Uganda, as escolas estão encerradas para a maioria dos alunos até à altura em que o governo decidir quando reabrir.

Apesar do aumento significativo do número de casos de COVID-19, alguns países decidiram reabrir.

O Quénia reabriu no dia 4 de Janeiro, depois de 10 meses. O Gana reabriu as escolas no dia 15 de Janeiro, depois de mais de nove meses. Pelo menos três alunos contraíram o vírus na primeira semana depois do regresso.

O país mais populoso de África, Nigéria, reabriu as escolas no dia 18 de Janeiro, apesar do desentendimento entre as autoridades federais e estatais.

“Depois de muitas consultas com os actores relevantes … o consenso das opiniões é de que a data de retoma, 18 de Janeiro, deve continuar, enquanto os pais e as respectivas instituições devem garantir o cumprimento total dos protocolos da COVID-19,” disse o Ministro da Educação, num comunicado do dia 14 de Janeiro.

O chefe de educação no UNICEF concorda com a reabertura das escolas.

“As evidências demonstram que as escolas não são o principal impulsionador desta pandemia,” disse Jenkins, num comunicado do dia 8 de Dezembro. “Mesmo assim, estamos a testemunhar uma tendência alarmante onde os governos estão mais uma vez a encerrar as escolas como primeiro recurso em vez de ser o último recurso.

“Em alguns casos, isto está a ser feito a nível de todo o país em vez de comunidade por comunidade, e as crianças continuam a sofrer os impactos devastadores na sua aprendizagem, bem-estar mental e físico assim como na sua segurança.”

Comentários estão fechados.