O Sultão de Damagaram

Equipa da ADF

O Sultanato de Damagaram nunca chegou a ser um dos maiores impérios de África. No lugar que agora é conhecido como Níger, no seu ponto mais extenso, ocupava cerca de 70.000 quilómetros quadrados — quase do mesmo tamanho que a Serra Leoa dos dias de hoje. 

Mas, como centro comercial, não tinha concorrência na região durante o seu tempo. Era o pólo de uma rota de comércio que se alastrava desde a actual zona costeira da Líbia, no norte, descendo até à actual Nigéria, no sul. Os seus sultãos, num total de 26, reinaram por 200 anos até aos princípios do Século XX. Na sua parte central encontrava-se a capital, Zinder, onde vestígios do império existem até hoje.

A dinastia começou no declínio do Império Kanem-Bornu, que tinha sido assolado pela fome, entre outros problemas. Até finais do Século XVIII, o reinado de Bornu ficava limitado às regiões de Hausa, que é hoje a Nigéria. Os Hausas, que são hoje o maior grupo étnico da África Subsaariana, adaptaram-se às circunstâncias, convertendo-se ao Islão e tornando-se comerciantes e artesãos.

Aristocratas muçulmanos fundaram o Império Damagaram, em 1731. Começou como um Estado vassalo, semelhante ao sistema feudal na Europa naquela altura, com os cidadãos a dever serviço e apoio militar aos aristocratas em troca de uso da terra para agricultura e criação de animais. O império expandiu-se rapidamente, conquistando outros Estados vassalos na região — num total de 18 até ao Século XIX.

Zinder começou como uma pequena aldeia tribal Hausa, mas estava idealmente localizada para servir como um pólo para o comércio trans-Saariano. O sultão mudou a capital para lá, em 1736. O império estava no caminho da maior rota comercial desde Trípoli, Líbia, até ao sultanato de Kano, na actual Nigéria. Sendo assim, o império era fundamental para a saúde económica de toda a região. Também estava envolvido no comércio Este-Oeste. Quase todo o comércio passava por Zinder. 

Até 1850, o sultão vivia num palácio em Zinder. Um viajante europeu dessa altura escreveu que o sultão tinha 300 esposas, juntamente com inúmeros filhos. No final do século, dizia-se que o sultão tinha 5.000 soldados a cavalo na sua cavalaria, juntamente com 30.000 soldados da infantaria. Ele tinha dezenas de canhões, todos eles feitos em Zinder. 

Até 1890, os franceses tinham expandido para o sultanato, partindo da sua base no Senegal. Em Dezembro de 1897, uma missão francesa de 37 homens liderada pelo Capitão Marius-Gabriel Cazemajou foi para a corte de Damagaram. Quando ficou claro que os franceses queriam assumir o controlo da região, Cazemajou foi assassinado. A missão recuou e foi substituída por forças armadas. 

Uma coluna armada atacou Zinder, no dia 13 de Setembro de 1899, matando o sultão Amadou Kouran Daga e colocando um fim ao império. Contudo, os franceses, na essência, ignoraram Zinder e a região ao seu redor, e mais tarde outros sultãos continuaram a ter algum poder.

A corrente de sultãos sobrevive até hoje, em grande medida, como um cargo cerimonial. O sultão continua a viver num palácio construído há 170 anos. 

O palácio é a maior atracção turística da cidade. Com os seus murros de 10 metros de altura e 10 metros de espessura, é uma estrutura imponente, mas nunca foi atacada e as suas defesas nunca foram testadas. O emblema do sultão, uma espada e duas lanças cruzadas por trás de um escudo, é exibido acima do portão do palácio.

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