Director do África CDC Brilha em ‘Tempos Sem Precedentes’

EQUIPA DA ADF

O Dr. John Nkengasong ganhou aclamação como o rosto da luta de África contra a COVID-19. Agora, o director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) enfrenta, se calhar, o desafio mais difícil assim que luta pelo acesso à vacina.

A sua meta é de que 60% dos 1,3 bilhões de pessoas do continente sejam vacinadas nos próximos dois a três anos, e não quer que os africanos esperem para ter acesso a esta cura que é capaz de salvar vidas.

“Não deverá ocorrer de forma sequencial onde, primeiro, os países desenvolvidos recebem as vacinas e só depois a África e os países em vias de desenvolvimento recebem as suas doses,” disse à ADF em entrevista a ser publicada no início de 2021. “Será de extrema importância destacar a solidariedade global e a unidade do planeta em que vivemos.”

Nkengasong destacou-se a ponto de ser proeminente no combate a outros vírus. Ele trabalhava como director principal adjunto do Centro de Saúde Global, no Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Enquanto estava no CDC dos EUA, ajudou a liderar a pesquisa laboratorial da organização para combater o HIV/SIDA e a tuberculose.

Então, foi criado o África CDC em 2016, que precisava de um líder. Depois de uma busca internacional exaustiva, a escolha unânime foi Nkengasong, o virologista veterano de origem camaronesa.

“A sua experiência, o seu conhecimento expansivo em saúde pública em África e a sua visão para o futuro fizeram dele a escolha ideal como o director pioneiro do África CDC,” Olawale I. Maiyegun, director do Departamento de Assuntos Sociais, na Comissão da União Africana, disse aquando do anúncio.

Ninguém poderia saber o quão crucial a experiência de Nkengasong com vírus seria apenas alguns anos mais tarde quando a pandemia mortal da COVID-19 assolou o mundo.

A COVID-19 tinha infectado 2.511.368 africanos e feito 59.354 óbitos até ao dia 20 de Dezembro, de acordo com o África CDC. Também causou pobreza e fome devastadoras.

Houve uma série de previsões que diziam que o vírus haveria de sobrecarregar os sistemas de saúde de África e matar milhares de pessoas. A isso, Nkengasong e a UA responderam criando plataformas para tirar vantagem do poder de compra do continente para adquirir equipamento de protecção e testes. O África CDC insistiu numa abordagem de “toda a África” através da qual o continente coordena a sua resposta o tanto quanto possível.

“O primeiro caso de COVID-19 foi registado no Egipto, no dia 14 de Fevereiro, e no dia 22 de Fevereiro convocamos uma reunião em Adis Abeba, com todos os ministros de saúde,” disse à ADF. “Foi a primeira vez que pudemos juntar mais de 40 ministros de saúde e concordar numa estratégia conjunta continental. É através dessa estratégia que as plataformas e os mecanismos beneficiaram de apoio e patrocínio.”

Nkengasong recebeu reconhecimento em Setembro pela Fundação Gates, que o outorgou o seu Prémio, Global Goalkeeper Award, e o chamou de “defensor incansável de colaboração global e de práticas de saúde pública baseadas em provas, e campeão da minimização das consequências sociais e económicas da COVID-19 em todo o continente africano.”

Apesar de ser uma figura imponente, o sorriso aberto e o optimismo afável de Nkengasong complementam a seriedade com que ele se apresenta.

Ele é intensamente centrado na sua organização e no seu trabalho, mas o seu orgulho pela forma como a África e o seu povo responderam é inquestionável.

“Eu continuo esperançoso de que por detrás de toda a crise existe um lado positivo,” disse ele. “Conforme dizemos, ‘Não se perde nenhuma crise’ quando se trata de avanço em inovações, e não queremos esperar até que a próxima crise surja antes de pensarmos na inovação. Isso criará espaço para avanços tecnológicos e também para o fabrico local de medicamentos e vacinas.”

Enquanto o desafio da luta contra a COVID-19 passa para uma nova fase, Nkengasong enfrenta a difícil missão de distribuir a vacina.

“É uma crise sem precedentes e temos de ter estratégias sem precedentes para permitir que alcancemos os 60%,” disse ele. “Esta meta é informada pela ciência, informada pelo conhecimento de outras doenças infecciosas.”

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