11 Meses Depois: Fadiga da Pandemia vs. Promessa de Vacina

EQUIPA DA ADF

Onze meses depois do aparecimento da COVID-19 na China, o relaxamento das medidas de confinamento obrigatório e a fadiga da pandemia levaram a um aumento acentuado de novas infecções a nível global e em toda a África. Ao mesmo tempo, o vírus impulsionou um desenvolvimento rápido de vacinas que os pesquisadores dizem possuir uma eficácia de acima de 90%. Também inspirou inovações que poderiam causar maiores impactos na forma como os africanos tratam de outras doenças.

Máscara Para Cima Não Para Baixo

Quando os países africanos relaxaram ou levantaram os confinamentos obrigatórios, os casos do coronavírus começaram a acelerar.

Foram necessários cinco meses para que a África alcançasse 1 milhão de casos da COVID-19, no princípio de Agosto. Em meados de Novembro, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças comunicou que o continente tinha ultrapassado a marca de 2 milhões de casos — duplicando o número de casos em pouco mais de três meses.

Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, disse que 19 países registaram aumento de casos de COVID-19 no mês passado. A lista inclui Gana, Quénia, Angola e Argélia. Nalguns lugares, tais como Lagos, Nigéria, as máscaras começaram a desaparecer dos espaços públicos à medida que as pessoas deixavam de ficar preocupadas com o vírus.

“Existe um certo nível de fadiga à volta disto,” disse Moeti durante uma actualização da OMS. “E a época festiva que se avizinha pode simplesmente exacerbar a situação.”

Em resposta, a OMS lançou “Máscara para Cima Não Para Baixo,” uma campanha publicitária que encoraja os africanos a usarem a máscara e a usá-la de forma correcta quando o fizerem. A campanha estará primariamente a decorrer nas redes sociais, visando alcançar jovens em todo o continente para o resto do ano.

Tentando combater a fadiga da pandemia, o Gabinete Regional da OMS para África, lançou a campanha de marketing nas redes sociais, “Máscara Para Cima e Não Para Baixo,” para lembrar os africanos sobre a necessidade de usar as máscaras para protegerem a si próprios da propagação da COVID-19. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE

Vacinas no horizonte

A corrida por uma vacina para prevenir a COVID-19 esteve a um ritmo sem precedentes e incluiu muitos institutos de pesquisa africanos ao longo da jornada. Em Novembro, três grupos farmacêuticos — AstraZeneca, Moderna e Pfizer — anunciaram ter logrado sucesso, tendo desenvolvido vacinas que afirmam que são até 95% eficazes.

Depois do anúncio da Pfizer, o Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia de Gamaleya, da Rússia, anunciou a sua própria vacina com uma taxa de eficácia de 92%. O anúncio foi recebido com cepticismo. O estudo analisou apenas 20 casos, um número que os pesquisadores consideram ser muito pequeno para ser confiável. O ensaio da Pfizer analisou 94 casos, de acordo com um relatório do dia 11 de Novembro da revista Science.

“Receio que viram os resultados da Pfizer e acrescentaram 2%,” Svetlana Zavidova, advogado baseado em Moscovo, que chefia a Associação de Organizações de Ensaios Clínicos da Rússia, disse à Science.

Wayne Koff, líder do Projecto Vacinas Humanas, um programa sem fins lucrativos, disse à Science que a reivindicação da Rússia chumbou no “teste do cheiro.”

Enquanto as pesquisas continuam, a participação africana garante que o continente tenha um lugar à mesa para a implementação de uma vacina a nível mundial, em vez de estar no último lugar da fila, de acordo com Moeti.

Novas armas para uma luta antiga

Desde sistemas de entrega com recurso a drones até dinheiro digital e médicos robots, a COVID-19 inspirou os inovadores de África a encontrarem novas formas de fazer as coisas. Alguns pesquisadores consideram estas novas ideias como uma nova forma de lidar com um problema antigo: a tuberculose (TB).

Enquanto o mundo concentrava a sua atenção na nova ameaça da COVID-19, a antiga ameaça da TB continuou a fazer vítimas. Durante a pandemia, poucas pessoas foram testadas para o despiste da doença bacteriana. Na África do Sul, que tem o maior número de casos da COVID-19 do continente, a TB continua a ser um problema crónico.

Em muitos países de renda baixa e média, os programas de TB formam a base para a sua resposta rápida à COVID-19, de acordo com Catarina Boehme, PCA da FIND, Fundação para Novos Diagnósticos Inovadores.

“Agora, à medida que estamos a reconstruir urgentemente os transtornados serviços de saúde primários para a TB e outras condições, temos a oportunidade de buscar da caixa de ferramentas das inovações que foram criadas para a COVID-19,” disse Boehme ao Telegraph.

O trabalho já está em curso para adaptar algumas das ferramentas desenvolvidas para combater a COVID-19 — rastreamento de contactos baseado em mensagens de texto, inteligência artificial para detectar infecções em raios-X e entrega de medicamentos através de drones — para rastrear e curar a TB.

“A COVID-19 é um dos desafios mais graves numa geração, mas é também uma oportunidade para alavancar a inovação, a criatividade e o empreendedorismo em tecnologias de saúde para salvar vidas,” considera Moeti.

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