EQUIPA DA ADF
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) fez recentemente uma doação de 2 milhões de dólares à Líbia, numa altura em que o país se debatia com um aumento acentuado de casos de COVID-19 e continuava a lidar com desafios humanitários provocados por anos de violência.
O dinheiro foi para um programa que ajuda a prevenir a transmissão do vírus e oferece serviços de saúde básicos para populações vulneráveis. Através da colaboração com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças nacional, o programa ajuda a salvaguardar o bem-estar de pessoas que vivem em centros para imigrantes, postos de saúde, escolas e cadeias, em 24 municípios.
De acordo com as Nacoes Unidas, na Líbia, existem quase 402.000 pessoas deslocadas internamente e mais de 1,3 milhões de pessoas que necessitam de ajuda humanitária, muitas das quais a viverem em acampamentos superlotados e com falta de cuidados médicos básicos, água potável e alimentação. Tais condições dificultam o distanciamento social e a higiene pessoal, medidas que ajudam a prevenir a propagação da COVID-19.
Até hoje, os EUA já contribuíram com mais de 12 milhões de dólares para a resposta da Líbia para a COVID-19.
“Agradecemos ao povo dos Estados Unidos pela acção concreta e atempada de solidariedade para com o povo líbio e seus filhos, que têm estado a sofrer por muito tempo, mesmo antes de a COVID-19 ter atingido a Líbia,” disse Abdel-Rahman Ghandour, representante especial do UNICEF na Líbia, em comunicado de imprensa.
Stephanie Williams, enviada interina da ONU para Líbia, disse recentemente ao Conselho de Segurança da ONU que o sistema de saúde do país era “incapaz de responder” visto que os números de casos da COVID-19 aumentaram, de algumas centenas em Agosto, para quase 20.000 em finais de Setembro, reportou a Reuters.
O aumento sobrecarregou os trabalhadores do sistema de saúde, tais como Hamza Abdulrahman Jelwal, supervisor de enfermagem num centro de quarentena em Misrata, uma grande cidade portuária. Jelwal não vê a sua família nem é pago desde Março. Quando testou positivo para a COVID-19, em Agosto, foi posto em quarentena no serviço. Ele regressou ao trabalho logo que se recuperou.
“Trabalhamos 12 horas por dia,” disse a Reuters. “É desgastante para o pessoal de saúde porque não existe descanso.”
A propagação da COVID-19 na Líbia não enfraqueceu a violência entre as forças governamentais e as milícias armadas. A luta matou quase 150 mil civis de Janeiro a Junho, com um aumento de 118% em violência mortal reportado no segundo trimestre, de acordo com a ONU. O primeiro caso de COVID-19 foi confirmado na Líbia a 24 de Março.
Entre Janeiro e Maio, foram reportados 20 ataques contra infra-estruturas de saúde, resultando em seis mortes, e 13 centros de saúde foram danificados. De acordo com a ONU, a Líbia declarou o maior número de ataques contra infra-estruturas de saúde do que qualquer outro país do mundo, este ano, seguido do Afeganistão e da Síria.
Em Agosto, o governo líbio anunciou um cessar-fogo a nível nacional, despertando esperanças de paz, depois de nove anos de instabilidade. Fayez al-Sarraj, primeiro-ministro do Governo do Acordo Nacional, disse que o principal objectivo era de estabelecer uma “soberania total sobre o território líbio e a retirada das forças e mercenários estrangeiros,” de acordo com a rede árabe de televisão, Al-Jazeera.
Mas isso ainda não aconteceu.
“Ainda não tivemos a cooperação dos grupos armados e das milícias agressivas,” disse Al-Sarraj à ONU, em finais de Setembro.