A Televisão Demonstra Ser Um Instrumento de Ensino Fundamental para Crianças Confinadas em Casa

EQUIPA DA ADF

Quando a COVID-19 atingiu a África Subsariana, em inícios de Março, uma organização sem fins lucrativos tanzaniana, denominada Ubongo, soube que existiria uma demanda urgente por programas de ensino para crianças confinadas em casa.

“Alcançamos os meninos com conteúdo de ensino de alta qualidade, em línguas locais, usando tecnologias a que têm acesso, tais como televisão, rádio e dispositivos móveis simples,” disse Iman Lipumba, director de marketing e comunicações da Ubongo, à ADF.

A aprendizagem online é uma opção escassa para a África Subsariana, onde 90% dos alunos não tem acesso a computadores e 82% não tem acesso à internet.

Entre na Ubongo, com personagens de banda desenhada coloridos, tais como Akili, um menino adorável de 4 anos de idade, que vive próximo do Monte Kilimanjaro e aprende a língua, os números, as artes e habilidades sócio-emocionais.

Akili também ajuda crianças a aprenderem como evitar a COVID-19.

Em Agosto, a Ubongo fez uma parceria com a Organização Mundial de Saúde, das Nações Unidas, para partilhar um vídeo canta comigo, com a participação de Akili a mostrar as crianças como lavar as mãos de forma adequada.

Agora, Akili e Ubongo estão a expandir-se pelo continente.

“Colocamos rapidamente toda a nossa biblioteca de conteúdo disponível na internet e partilhamo-la com estações de rádio e televisão, ministérios de educação e ONGs [organizações não governamentais] em toda a África,” disse Lipumba. “Num mês, fizemos o lançamento em mais de 10 novas estações, e dentro de três meses expandimos de 11 para 18 países.”

Criada na Tanzânia, em 2014, a Ubongo buscou fundos a partir de rendimentos comerciais e concessões da Development Innovation Ventures, dos Estados Unidos, Human Development Innovation Fund, da Inglaterra, e de várias fundações privadas.

Lipumba nasceu na Tanzânia e recorda-se de ter crescido com acesso mínimo a programas infantis feitos em África.

“Eu conheço, em primeira mão, o poder transformador de se ver reflectido nos meios de comunicação que você consome,” disse ele. “As histórias e os personagens que amamos na juventude permanecem connosco por toda a vida. Ajudam-nos a formar as nossas ideias daquilo que podemos ser, e eu sinto-me incrivelmente sensibilizado de fazer parte de uma organização que cria histórias que ajudam as crianças em África a descobrirem o seu máximo potencial.”

Encerrar as escolas foi uma das primeiras medidas tomadas em todo o mundo para reduzir a propagação da COVID-19, fazendo com que o ensino a distância seja o novo normal para as crianças em todo o mundo.

Os encerramentos atingiram o seu pico em Maio, afectando mais de 91% dos alunos matriculados — quase 1,6 bilhões de alunos em 192 países, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Muitos países africanos lutaram para criar ou expandir planos de aprendizagem a partir de casa e acharam a televisão como sendo uma parte importante da solução.

“Nunca antes tínhamos testemunhado uma interrupção na educação com estas proporções,” disse a Directora Geral da UNESCO, Audrey Azoulay. “Parcerias são a única forma de se avançar.”

Outros esforços notáveis de aprendizagem a distância com recurso a televisão:

  • Costa do Marfim: Fez o lançamento de aulas transmitidas pela televisão, em colaboração com o UNICEF e com apoio de um subsídio de 70.000 dólares da Global Partnership for Education.
  • Quénia: Programação transmitida no canal Edu Channel TV, que pertence ao Instituto de Desenvolvimento Curricular do Quénia.
  • Líbia: Entrou em parceria com estações de televisão locais para transmitir aulas obrigatórias para alunos do ensino básico e secundário.
  • Madagáscar: Fez o lançamento de instruções de ensino através da televisão, com aulas de matemática em Francês e visando alcançar alunos do ensino primário. Também colaborou com os meios de comunicação social num programa de eduentretenimento (educação e entretenimento) Kilasy Pour Tous (Aulas para Todos), que era transmitido todas as manhãs na televisão.
  • Ilhas Maurícias: Introduziu programas de televisão para primeira a nona classes, num canal dedicado ao ensino.
  • África do Sul: Entrou em parceria com a South African Broadcasting Corporation (SABC) para fazer o lançamento do currículo de televisão para alunos de 10ª, 11ª, 12ª classes e Educação de Infância em três canais da SABC.

Comentários estão fechados.