EQUIPA DA ADF
A Polícia Nacional Ruandesa (PNR) levantou voo para fazer cumprir o distanciamento social e outras medidas de restrição que visam a redução da propagação da COVID-19.
A polícia fez o lançamento de drones controlados remotamente sobre a capital, Kigali, para lembrar aos residentes sobre as precauções a tomar para se protegerem de uma doença respiratória potencialmente fatal.
O programa de drones iniciou depois que os residentes começaram a afrouxar nas medidas de protecção. Ele opera em várias zonas do país, incluindo Rusizi, na Província Ocidental.
“A liderança da PNR considera que os drones são um instrumento poderoso que dá suporte aos agentes da lei ao fazer a sensibilização assim como em várias operações ligadas à segurança pública, que incluem patrulhamento de fronteiras, protecção ambiental, resposta a situações de calamidades, administração da ordem pública e apoio às investigações, entre outros,” disse o porta-voz da PNR, John Bosco Kebera, à ADF.
Os drones agem como uma força multiplicadora para a polícia, disse Kebera, por vezes, cobrindo zonas inteiras sozinhos e, outras vezes, viajando como complemento das forças posicionadas em terra. Os oficiais da PNR operam drones, que vêm com câmaras de alta definição e capacidades de transmissão. Alguns drones também carregam painéis com mensagens.
Ao sobrevoarem, os drones permitem que a polícia alcance áreas, tais como mercados com aglomerações, que podiam não ser facilmente acessíveis para veículos ou a pé. Eles também melhoram a visibilidade dos agentes da lei enquanto dão informação importante sobre segurança à população, disse Kabera.
Até ao dia 22 de Setembro, o Ruanda tinha reportado mais de 4.738 casos de COVID-19 e 27 mortes, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. Com 37 casos de COVID-19 por cada 100.000 pessoas, o Ruanda possui uma taxa de infecção superior quando comparado aos países vizinhos, mas mais baixa em relação a muitos outros países do continente.
O Ruanda não é o único país africano a utilizar drones para fazer cumprir mandatos de saúde pública relacionados com a COVID-19. O Marrocos já utilizou drones, assim como o Gana, a África do Sul e a Tunísia. Em alguns casos, os drones dispersam desinfectante em espaços públicos. E, noutros, eles fazem a monitoria dos espaços, procurando por violadores, e transmitem mensagens visuais e sonoras sobre o vírus.
Fora de Kigali, o Ruanda também trabalhou, desde 2016, com o fabricante americano de drones, Zipline, para operar um conjunto de drones semelhantes a aeronaves, a fim de fazer a entrega de pacotes de sangue e outros produtos médicos leves para partes distantes do campo.
Drones de baixo custo são ideais para transmitir mensagens sobre a COVID-19 e satisfazer outras necessidades, especialmente em zonas rurais, de acordo com Sam Twala, presidente da Federação Sul-Africana de Sistemas Aéreos Não Tripulados. A federação foi formada em 2019 para trabalhar com o governo da África do Sul na definição de regras de operação de drones.
“Em África, é onde os drones encontrarão a sua melhor utilidade para se igualar a outras áreas do mundo ou mesmo outros países do mundo, simplesmente por causa dos desafios particulares que temos,” disse Twala à Voz da América, em Abril. “E quando se refere a coisas como o seu custo, na verdade, é aí onde os drones acrescentam muito mais valor, porque os eles oferecem aquela vantagem onde alguém pode tacticamente colocar os seus homens.”
Kabera disse que os ruandeses reagiram bem aos mensageiros aéreos.
“Os cidadãos sempre responderam positivamente às mensagens transmitidas por drones,” disse. “Normalmente, os cidadãos cumprem. Contudo, as operações com drones andam de mãos dadas com patrulhas motorizadas e a pé, com agentes prontos para fazer cumprir em caso de alguns membros da comunidade não observarem as orientações.”