VOZ DA AMÉRICA
Shejirina Moni senta-se ao lado dos filhos à frente da sua residência de construção precária, em Juba, na capital do Sudão do Sul. Seis dos seus filhos morreram de várias doenças. Ela tem três filhos ainda vivos.
“O primeiro morreu aos 9 meses,” disse. “Outro morreu com 10 meses. Um outro morreu quando já estava a gatinhar, com cerca de 3 meses.”
A história da Moni destaca um facto triste: milhares de crianças no Sudão do Sul não recebem as vacinas rotineiras. Elas estão vulneráveis a doenças possíveis de prevenir.
Para além de lidar com a pandemia da COVID-19, o país está a lutar contra um grave surto de sarampo, com mais de 4.700 casos confirmados e 26 mortes, desde Janeiro de 2019.
O governo do Sudão do Sul entrou em parceria com a Organização Mundial de Saúde, o UNICEF, o Gavi, a Vaccine Alliance e a ONE, a campanha de luta contra a pobreza co-fundada pelo músico, celebridade e activista irlandês, Bono; para levar a cabo uma campanha de vacinação a nível nacional contra o sarampo, que visa alcançar 2,5 milhões de crianças.
A campanha foi lançada em Fevereiro de 2020 no único hospital pediátrico do país, Hospital Pediátrico de Al-Shabbah. Situado no centro de Juba, garante cuidados de saúde para mais de 5.000 pessoas por mês, alcançando algumas das pessoas mais pobres da cidade.
“Precisamos de impulsionar a cobertura da vacinação para proteger as crianças contra surtos de sarampo,” disse Dr. Makur Matur Kariom, Subsecretário do Ministério de Saúde. “Infelizmente, no Sudão do Sul, a cobertura de vacinação de rotina contra o sarampo continua baixa, em apenas 59%.”
Especialistas de saúde pública recomendam que a cobertura não deve estar abaixo de 90%. É crucial manter aquele padrão para o sarampo, que é altamente infeccioso.
A cobertura da imunização contra o sarampo na infância é baixa no país por causa dos desafios logísticos envolvidos para manter as vacinas em temperaturas próximas ao congelamento. Não é fácil fazê-lo no Sudão do Sul, o país menos electrificado do mundo, onde as temperaturas, muitas vezes, atingem mais de 40 graus centígrados.
O Hospital de Al-Shabbah utiliza um congelador à energia solar oferecido pelo UNICEF.
“Podemos guardar estas coisas numa temperatura correcta aqui, no hospital. Essa é a coisa mais importante,” disse Dr. Felix Nyungura, director-executivo do hospital. “A electricidade pública ainda não chegou aqui, nesta zona. Embora em alguns lugares já tenha chegado. Mas agora nós dependemos da energia solar e da electricidade de um gerador.”
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