EQUIPA DA ADF
Um amplo estudo da variante Ómicron da COVID-19 concluiu que ela é tão severa quanto as outras variantes que vieram anteriormente, contradizendo as pesquisas anteriores da África do Sul e de outras partes que afirmavam que a Ómicron era mais transmissível, mas menos severa.
O novo estudo analisou o resultado de mais de 130.000 pacientes de COVID-19 em 13 hospitais do Estado de Massachussets, EUA.
Os autores do estudo comunicaram que os internamentos e as mortes pareciam mais numerosos nas variantes anteriores. Contudo, por meio de um ajuste dos números da Ómicron em relação a factores como demografia, comorbidades e níveis de imunidade, as taxas de internamento e de morte da Ómicron eram virtualmente as mesmas.
“A nossa análise sugere que a gravidade intrínseca da variante Ómicron pode ser tão severa
quanto as variantes anteriores,” escreveram os investigadores dirigidos pelo Dr. Zacari H. Strasser, do Hospital Geral de Massachusetts, Boston.
O estudo contradiz pesquisas feitas na África do Sul e outros lugares pouco depois de a variante ter aparecido em amostras provenientes do Botswana e da África do Sul. Essa pesquisa sugeriu que a variante Ómicron era menos mortal do que as variantes anteriores, embora fosse mais transmissível e pudesse vencer a imunidade existente.
Desde que a estirpe original da Ómicron foi descoberta, esta produziu muitas variações de si própria conhecidas como subvariantes, com mutações que continuam a ajudá-la a enfrentar a imunidade existente.
O estudo centrou-se na sublinhagem BA.2, que está a causar infecções em 16 países africanos, assim como na Europa e na América do Norte. A variante Ómicron original encontra-se presente em 48 países africanos.
Duas outras subvariantes da Ómicron (B.A.4 e B.A.5) causaram uma rápida quinta vaga de infecções na África do Sul. Túlio de Oliveira, director do Centro de Resposta Epidémica e Inovação (CERI), da África do Sul, anunciou no Twitter, no dia 17 de Maio, que a quinta vaga já tinha atingido o pico, com menos internamentos e mortes do que o esperado.
Cerca de 90% dos sul-africanos estiveram expostos à COVID-19 durante a pandemia, concedendo-lhes alguma forma de protecção dos efeitos mais graves das infecções
“Tudo indica que gozamos de um período com tendência de redução e agora estamos a começar a ver como os países registam o aumento do vírus,” Dr. John Nkengasong, director cessante do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, disse durante uma recente conferência de imprensa.
Desde o início de Maio, o continente registou um aumento de 25% no número de novos casos de COVID-19 em comparação com as quatro semanas antecedentes. Muitos dos novos casos ocorreram na África do Sul, que registou um aumento de 57%. As mortes aumentaram em 7%, para 252.000 em todo o continente.
Os investigadores acreditam que em relação ao comportamento da Ómicron, os estudos anteriores foram muito pequenos ou omitiram pacientes que podiam ter sido incluídos.
Determinar o impacto exacto da Ómicron ficou complicado por causa dos níveis de imunidade, dos tratamentos, das medidas de saúde pública como máscara e mudanças na demografia da população — elementos que o grupo de Strasser chamou de “variáveis de confusão.” Muitos desses elementos aumentaram no seu uso desde que as outras variantes, como a Delta, apareceram.
“As nossas conclusões sugerem que depois de ter em conta as variáveis de confusão, a variante Ómicron era tão mortal quanto as anteriores vagas da SARS-CoV-2,” escreveram os autores.
Os níveis de imunidade esconderam a força da Ómicron, reduzindo o número de pessoas com sintomas graves. As pessoas que contraíram a Ómicron também eram em média mais jovens do que aquelas que contraíram as variantes anteriores, de acordo com o estudo.
É impossível comparar a Ómicron de forma exacta com as variantes anteriores, sem levar em consideração esses elementos, escreveu Strasser. Fazer o contrário cria uma impressão falsa sobre o risco que a Ómicron representa, afirmaram os autores.
“Também pode levar à falta de confiança entre o público e a fracas escolhas pelos especialistas de políticas de saúde,” escreveram.