EQUIPA DA ADF
Os cientistas estão a rastrear a mais recente variação do vírus da COVID-19, a qual recebeu o nome de “deltacron” por parecer uma fusão das variantes Delta e Ómicron.
Identificada primeiramente em Chipre, a variante Deltacron apareceu em pequenos números no Brasil e em vários países europeus, incluindo a França. O registo inicial da Deltacron foi recebido com cepticismo por parte de investigadores de todo o mundo, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou a sua existência.
A Deltacron ainda não foi registada em África, embora a variante Delta tenha sido detectada em 44 países e a Ómicron em 50, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.
Especialistas em matérias de saúde afirmam que a nova variante, conhecida cientificamente como uma recombinante, era previsível dado os altos níveis em que as variantes Delta e Ómicron circularam. O vírus híbrido provavelmente tenha sido formado no organismo de uma pessoa que tenha estado exposta a Delta e Ómicron ao mesmo tempo.
“Isto acontece sempre que estamos num período de troca de uma variante dominante para outra,” Dr. Jeffrey Barret, antigo director da iniciativa de genómica da COVID-19, do Instituto Wellcome Trust Sanger, do Reino Unido, disse ao The Guardian.
Na maior parte dos casos, tais estirpes de troca são incomuns “e não muito mais do que isso,” disse Barret.
Estudos iniciais demonstram que a transmissibilidade da Deltacron está quase ao mesmo nível que a do Sarampo, que se encontra entre os vírus humanos mais contagiosos. Contudo, até agora, a Deltacron parece não representar nenhuma grande ameaça em relação às suas predecessoras.
“Ainda não vimos qualquer mudança na epidemiologia. Ainda não vimos qualquer mudança na gravidade,” disse Maria Von Kherkove, a técnica-chefe da OMS em matérias de COVID-19.
Existem muitos estudos em curso sobre a Deltacron, disse Von Kherkove.
A testagem generalizada continua a ser a chave para rastrear o desenvolvimento da Deltacron e de outras variantes.
Contudo, a testagem começou a reduzir numa altura em que a mais recente vaga de infecções pela COVID-19 reduziu.
“Dada a nossa falta de testagem e a testagem reduzida em todo o mundo, somos incapazes de rastrear este vírus como devíamos,” disse Von Kherkove.
É de extrema importância que os sistemas estabelecidos para vigilância, testagem e sequenciamento do vírus sejam reforçados para alertar os sistemas de saúde sobre o aparecimento de futuras variantes da COVID-19, acrescentou.
Os países também precisam de continuar a tomar as precauções contra mais propagações do vírus, incluindo o uso da máscara, a lavagem das mãos e o distanciamento social, disse o Dr. Mike Ryan, director-executivo do Programa da OMS para Emergências Sanitárias, durante uma recente conferência de imprensa.
Cada nova infecção pela COVID-19 cria uma oportunidade para a evolução de novas variantes.
“Podemos gerir muitos destes riscos,” disse Ryan. “Mas, os riscos irão continuar, e existe uma necessidade de fazer-se uma monitoria desse risco. E isso deve continuar a acontecer por um período muito longo.”