Cães altamente treinados recentemente ajudaram a apreender três caçadores furtivos suspeitos de matar rinocerontes no Parque Nacional Kruger, na África do Sul.
Os fiscais, fazendo-se transportar em helicópteros, avistaram um rinoceronte morto e um rinoceronte ferido depois que os turistas os alertaram sobre a ocorrência de tiros no parque em Junho. Eles enviaram fiscais e unidades caninas. Os cães encontraram o rasto de três moçambicanos armados com uma espingarda de caça de alto calibre, munições e pontas de três rinocerontes, noticiou a rede de televisão France 24. Eles rapidamente prenderam os caçadores furtivos suspeitos.
Na África do Sul, que alberga 80% da população de rinocerontes a nível mundial, as unidades caninas desempenham um papel importante no combate à caça furtiva. As pontas de rinocerontes sul-africanos geralmente são traficadas para a Ásia, onde são moídas, transformadas em pó e utilizadas em medicamentos tradicionais.
Johan de Beer, um gestor de unidade canina no Parque Nacional Kruger, disse ao site sul-africano de notícias, Independent Online, que 95% das apreensões de caçadores furtivos naquele país são feitas com ajuda de cães farejadores.
A taxa de apreensão de caçadores furtivos suspeitos, feitas apenas por fiscais, é de 3% a 5%, de acordo com o South African Wildlife College. Quando os fiscais trabalham com cães — capazes de rastrear suspeitos em terreno acidentado, planícies cobertas de capim e condições semelhantes a desertos — a taxa de apreensão aumenta para 54%.
Os cães são capazes de fazer quase todo o tipo de trabalho relacionado com o combate à caça furtiva no terreno, Dennis Kelly, um fiscal de secção, no Parque Hluhluwe iMfolozi, em
, disse num documentário. A Pet Nutrition, de Hill, uma empresa que fornece às unidades caninas de combate à caça furtiva sul-africanas comida, equipamento, prestação de cuidados de saúde e dentários, assim como “camisas de arrefecimento” para prevenir a insolação, produziu o documentário.
“Podem ser utilizados para seguir os suspeitos que montam as armadilhas e podem procurar por armadilhas,” disse Kelly.“Não estão especificamente treinados para apenas seguir um suspeito que está à procura de rinocerontes. Podem seguir qualquer rasto humano que lhes for dado. As suas narinas muito sensíveis fazem com que seja muito fácil rastrear os suspeitos antes de eles matarem rinocerontes.”
Mesmo assim, a população de rinocerontes no Parque Nacional Kruger baixou drasticamente devido à caça furtiva. A contagem aproximada do parque em 2021 era de 3.529 rinocerontes-brancos e 268 rinocerontes-negros, uma redução em mais de metade em comparação com 2013, de acordo com a organização sem fins lucrativos, Save The Rhino International.
Em 2021, 451 rinocerontes foram mortos na África do Sul, marcando a primeira vez em seis anos que o país regista um aumento no número de incidentes de caça furtiva do rinoceronte. Desde 2020, a caça furtiva do rinoceronte naquele país aumentou em 13%, comunicou a organização.
O trabalho é perigoso para os cães e para os seus adestradores, mesmo quando não estão em serviço.
No dia 28 de Julho, Anton Mzimba, de 42 anos de idade, fiscal-chefe da reserva de caça de Timbavati, de gestão privada, que se localiza próximo do limite do Parque Nacional Kruger, foi alvejado mortalmente fora da sua casa, e a sua esposa foi “gravemente ferida” por três homens armados, noticiou a Agência France-Presse. Mzimba alegadamente recebeu ameaças de morte antes de ser alvejado.
No início deste ano, Mzimba participou num documentário sobre a caça furtiva do rinoceronte. O governo da África do Sul disse que o seu assassinato destacou os perigos enfrentados diariamente pelos fiscais.
Os adestradores de cães no documentário de Hill, por vezes, falavam nas câmaras com os seus rostos desfocados e utilizavam apenas um nome. Durante uma cena, um fiscal do Parque Hluhluwe iMfolozi, conhecido por Tyson, elogiou as proezas de combate à caça furtiva do seu cão Kilalo, uma mistura de doberman e bloodhound que ajudou na realização de mais de 285 apreensões em seis anos.
Tyson disse que ele e Kilalo recentemente foram enviados para uma área onde os caçadores furtivos suspeitos tinham entrado no parque. Em pouco tempo, Kilalo captou o seu rasto e os dois rastrearam os caçadores furtivos por cerca de 300 metros. Sem demora, Tyson entrou em comunicação com os outros fiscais.
“Contacto! Contacto! Contacto!,” gritava no seu rádio. “Encontramos uma pessoa com uma espingarda.”
“Confirmado,” seguiu-se a resposta. “Estamos a enviar a equipa de reacção de helicóptero. Estamos a caminho.”
Kilalo ajudou a prender um caçador furtivo suspeito que tinha uma mochila com uma espingarda carregada, munições e duas facas grandes.
O suspeito estava “pronto para passar três noites no parque,” disse Tyson. “Eles não [saem do parque] sem a ponta de rinoceronte.”