EQUIPA DA ADF
Quando o Uganda fez o lançamento da sua campanha de vacinação contra a COVID-19, em meados de Março, incluiu os mais de 1,4 milhões de refugiados que vivem entre os seus 45 milhões de habitantes.
Os centros de reassentamento de refugiados podiam causar outros surtos de COVID-19 se os refugiados não recebessem monitoria e tratamento do vírus. A maior parte dos refugiados foge da violência no Burundi, na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul. Muitos deles vivem em centros de reassentamento no nordeste e no sudeste do Uganda.
Data Kenyi, um dos quatro membros do conselho de acção social dos refugiados, da aldeia de Bangatuti, no norte do Uganda, disse que os refugiados estiveram sob monitoria atenta para a COVID-19 desde que o país encerrou as suas fronteiras, em 2020, quando o surto começou.
“Dizemos-lhes para observar o distanciamento social e para lavar as mãos,” disse Kenyi à Voz da América (VOA). “Não existe uma elevada taxa de infecção no centro de reassentamento. Todo aquele que acaba de chegar, como novo refugiado, tem de passar por 14 dias de quarentena. Posteriormente, junta-se à comunidade e fica seguro.”
Contudo, a refugiada Esther Luma, que lidera um grupo religioso de 100 membros, disse que muitos refugiados têm dificuldades de obedecer às precauções de segurança por motivos básicos.
“Não temos dinheiro para comprar desinfectante e máscaras,” disse Luma à VOA. “Claro que a igreja não tem orçamento. Mesmo uma instalação para a lavagem das mãos é também difícil para nós” acedermos.
As entidades sanitárias do Uganda começaram a vacinar os refugiados em meados de Maio, mas as autoridades afirmam que alguns refugiados estão hesitantes com relação a receber a vacina.
Em Bangatuti, as entidades sanitárias estão a vacinar refugiados de 50 anos de idade ou mais, numa fase inicial.
Moses Lomoro é um dos vários membros da equipa de saúde da aldeia, a qual vai de porta a porta para persuadir os refugiados a visitarem um posto de saúde. Lomoro disse que as conversas presenciais ajudaram a reduzir os receios relacionados com a vacina entre os idosos.
“Depois de receber a vacina, algumas pessoas têm uma reacção,” disse Lomoro à VOA. “Uns podem ter febre e vómitos. Então, esses boatos deixaram alguns dos membros da comunidade com medo. E outras pessoas com acesso às redes sociais transmitem desinformação.”
O Dr. Charles Onek, um médico-assistente do Comité Internacional de Resgate, trabalha para combater a desinformação.
“As pessoas têm perguntado, e se eu tiver uma forma severa de reacção e talvez sucumbir a ela ou se eu morrer. Serei compensado?”, disse o Dr. Onek à VOA. “Então, essa resposta nunca ficou bem clara. As pessoas dizem que se uma pessoa receber a vacina contra a COVID, especialmente o homem, fica impotente. Não, isso é um mito e nós sempre falamos sobre isso.”
Os trabalhadores da Acção Humanitária para África (AHA), que faz parceria com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados, também visitam as comunidades de refugiados para informar as pessoas sobre a COVID-19 e ajudá-las a aceder aos cuidados sanitários.
Yakobo Kahesi, um trabalhador da AHA, em Kampala, disse que o trabalho pode ser difícil, mas ele aprendeu a celebrar os resultados positivos.
“Eu dava-me sempre por satisfeito quando ouvisse falar sobre as pessoas a quem tínhamos ajudado a chegar ao hospital, como uma mãe que segura um bebé recém-nascido em seus braços,” Kahesi disse num artigo da página da internet da Organização Mundial de Saúde. “A sua gratidão pelo apoio que oferecemos faz com que tudo valha a pena.”