EQUIPA DA ADF
O terrorismo encontra-se em ponto de ebulição em certas partes do continente africano.
De acordo com o Índice Global de Terrorismo, de 2022, a África Subsariana representou 48% das mortes por terrorismo a nível global, em 2021. Na Bacia do Lago Chade, Somália, Moçambique e partes do Sahel, o problema tem persistido durante anos e pode estar a piorar.
Utilizando a Nigéria como exemplo, a analista sul-africana de terrorismo, Jasmine Opperman, disse que os grupos extremistas violentos estão a diversificar-se, expandir e avançar. Ela disse que o grupo da Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP) é um problema crescente.
“O Boko Haram não é o mesmo conforme vimos alguns anos atrás,” Opperman disse à Fox News Digital. “Muitos dos combatentes passaram para a ISWAP e estamos a ver a ISWAP agora a alcançar zonas de Abuja, a capital da Nigéria.
“É esta expansão geográfica que alcança até Abuja que continua a ser uma preocupação.”
Observadores afirmam que é altura de a União Africana (UA) fazer alterações substanciais à estratégia que emprega contra o flagelo dos extremismos violentos.
Desde o seu início, a União Africana autorizou e mandatou pelo menos 27 operações de apoio à paz. Mas a sua própria Força Africana de Intervenção (ASF) esteve paralisada desde que UA foi fundada, em 2001.
Burocracia e uma miríade de desafios complexos, como logística e financiamento, impediram que a ASF alcançasse muitos dos seus objectivos para a capacidade operacional.
O Instituto de Estudos de Segurança (ISS), um grupo de reflexão sediado na África do Sul, recentemente apelou a União Africana a estar mais envolvida, liderando uma estratégia de segurança coesiva para o continente.
“Dada a crescente complexidade da situação e a clara tendência em direcção à expansão do terrorismo em partes de África anteriormente poupadas, o papel da União Africana é de extrema importância,” escreveu o ISS num artigo publicado no dia 21 de Outubro.
“Buscando da sua própria experiência, na Somália e na Bacia do Lago Chade, o órgão de segurança da União Africana devia avaliar as actuais ameaças e actualizar as suas respostas nessa conformidade. Isso implica uma abordagem consolidada que visa estabilizar as regiões afectadas, centrando-se no exército e nas fontes sociopolíticas de extremismo violento.”
Numa reunião da União Africana, com duração de três dias, que iniciou no dia 1 de Novembro, os Chefes de Estado demonstraram um interesse renovado na formação de uma força independente capaz de realizar intervenções rápidas assim como de edificar a paz.
Bankole Adeoye, comissário da União Africana para assuntos políticos, paz e segurança, disse à imprensa que a União Africana está a trabalhar com as comunidades económicas regionais e outros mecanismos regionais como os seus primeiros intervenientes.
Entre as colaborações militares regionais citadas como exemplo de sucesso encontram-se: a Força-Tarefa Conjunta Multinacional (MNJTF), que luta contra o Boko Haram, na Bacia do Lago Chade; a Iniciativa de Acra, que trabalha para defender os Estados do Golfo da Guiné contra a insurgência no Sahel, que segue em direcção ao sul; e a Missão de Transição da União Africana na Somália.
“Estamos a utilizar este fórum para revelar a MNJTF como um modelo para o resto do continente onde a coligação dos dispostos reúne-se para uma acção cinética,” disse.
“O terrorismo não pode ser derrotado da noite para o dia, mas é importante que os Estados-membros se comprometam com uma resposta robusta, se comprometam com aprofundar a democracia a tempo e se comprometam com uma segurança colectiva.”
Adeoye disse que a União Africana está comprometida em criar um método de financiamento que seja sustentável e previsível.
“Um dos mecanismos que a União Africana avançou é o fundo de paz da União Africana,” disse. “Actualmente situa-se em mais de 321 milhões de dólares e será utilizado com base no processo orçamental da União Africana para os Estados-membros acederem e reunirem recursos.
“Temos de fazê-lo por nós mesmos. É por isso que, para os esforços de combate ao terrorismo, devemos nos centrar em soluções africanas para problemas africanos.”
O presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, cujo país enfrentou situações de repetidos ataques de terrorismo e cidadãos cada vez mais chateados, pressionou para que a União Africana reforçasse imediatamente as tropas que lutam dentro e fora daquele país.
“Compete a nós, como a Assembleia da União Africana, demonstrar a vontade política e forjar uma abordagem continental coordenada para combater a insegurança,” disse durante a reunião. “Devemos consolidar a paz e estabilidade no nosso continente.”