EQUIPA DA ADF
A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) concordou, no início de Maio, em enviar tropas para o leste da República Democrática do Congo (RDC) para ajudar a restaurar a paz. As tropas irão trabalhar em conjunto com as tropas já destacadas da Força Regional da Comunidade da África Oriental (EACRF)
Não está claro o número de tropas da SADC que serão destacadas para a região em conflito nem o tempo que lá permanecerão. As tropas de três países da SADC — Malawi, África do Sul e Tanzânia — operam no leste da RDC há uma década sob a égide da força de manutenção da paz das Nações Unidas, a MONUSCO.
A SADC aprovou o destacamento durante uma cimeira na Namíbia. Os líderes políticos da RDC esperam que as tropas da SADC actuem rapidamente para conter os grupos rebeldes.
“A questão é: como será a coexistência entre a brigada da SADC e as forças da CAO?” Paul Diakese, oficial de informação do presidente da RDC, Felix Tshisekedi, disse numa reportagem do jornal The East African. “Uma coisa é certa, o mandato da brigada da SADC será ofensivo em comparação com os amigos da CAO que apenas têm um papel de força-tampão.”
Mais de 120 grupos armados estão activos na região, com destaque para o M23, que realizou uma grande ofensiva em 2022, apoderando-se de grandes pedaços de território na província do Kivu do Norte e forçando centenas de milhares de pessoas a abandonar as suas casas.
Willem Els, especialista em segurança, do Instituto de Estudos de Segurança, apelou a uma maior clareza sobre o destacamento da força da SADC.
“Eles querem enviar tropas, mas não deram quaisquer pormenores,” disse Els à Voz da América (VOA). “Não sabemos se vão complementar as tropas que estão actualmente destacadas na RDC sob a égide da MONUSCO ou se serão separadas. Sabemos que o Quénia e o Uganda já enviaram algumas tropas para lá.”
Els disse que as tropas da SADC na RDC precisarão de apoio aéreo adequado para serem eficazes.
“Se estas tropas forem destacadas sem o apoio aéreo necessário e também para lhes proporcionar o domínio aéreo, vão enfrentar um resultado semelhante ao que temos actualmente em Cabo Delgado,” disse Els à VOA. As forças regionais na província moçambicana de Cabo Delgado têm-se esforçado por travar uma insurgência na zona rica em recursos naturais.
Tshisekedi disse que as forças da EACRF podem ser dispensadas até Junho se o seu mandato não for cumprido. As tropas da EACRF, provenientes do Burundi, Quénia, Sudão do Sul e Uganda, estão actualmente a operar no leste da RDC. O compromisso da Tanzânia de destacar tropas como parte da EACRF não está claro.
Tshisekedi tem criticado a EACRF desde que esta foi destacada para o leste da RDC em Novembro de 2022, afirmando que não impôs a retirada do M23. Foram quebrados vários cessar-fogos com o grupo. Em meados de Maio, o exército congolês e o M23 acusaram-se mutuamente de violar o acordo mais recente.
A EACRF tem tido algum sucesso. Desde a sua chegada a Goma, capital da província do Kivu do Norte, a força tem garantido a segurança de infra-estruturas críticas, incluindo o aeroporto internacional e as áreas circundantes, que estão repletas de campos de refugiados improvisados.
A presença da EACRF também forçou a saída do M23 de Karuba, Mushaki, Neenero, Kirolirwe, Kibirizi, Mweso e áreas adjacentes, afirmou a EACRF num comunicado.
No início de Maio, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, exortou os líderes africanos a intensificarem os esforços para estabilizar o leste da RDC.
“Chegou o momento de pôr termo à violência,” afirmou Guterres numa reportagem da Agence France-Presse. “Reitero o meu apelo a todos os grupos armados — deponham as armas, imediatamente.”