THE ASSOCIATED PRESS
Um supercomputador está a acelerar os esforços da África Oriental no controlo de pragas de gafanhotos que motivaram aquilo que a agência das Nações Unidas para a alimentação apelida de “uma ameaça sem precedentes” para a segurança alimentar da região.
O computador, uma doação do Reino Unido, utiliza dados de satélite para rastrear os enxames de gafanhotos e prever o próximo destino. Partilhar rapidamente os movimentos de gafanhotos com as autoridades regionais é essencial para controlar a praga, porque mesmo um enxame pequeno de gafanhotos num único dia pode percorrer uma distância de quase 160 quilómetros e consumir uma quantidade de produtos que poderia de outro modo alimentar 35.000 pessoas.
Instalado num centro regional do clima, no Quénia, onde os insectos foram particularmente destrutivos, o sistema do supercomputador “produz extensivamente previsões de tempo como ventos fortes, precipitação e humidade, que fornecem condições ideais de respiração dos gafanhotos, para que os especialistas possam prever o próximo destino,” disse o Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido.
Quénia, Somália e Uganda têm estado a lutar contra a pior praga de gafanhotos que partes da África Oriental já viram em 70 anos. Enxames também foram vistos na República Democrática do Congo, Djibouti, Eritreia, Sudão do Sul e Tanzânia.
A ameaça dos gafanhotos “continua extremamente alarmante” no corno de África, onde “os cruzamentos generalizados estão a decorrer e novos enxames estão a começar a formar-se, representando uma ameaça sem precedentes para a segurança alimentar e para os meios de subsistência no começo da época da sementeira que se avizinha,” de acordo com um alerta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
A pulverização aérea é, em termos gerais, considerada o único método de controlo eficaz. No Uganda, os soldados têm estado a batalhar contra enxames com recursos a bombas de pulverização manuais por causa de dificuldades de obter aeronaves e pesticidas recomendados.
Oficiais em Nairobi disseram que a tecnologia irá impulsionar os seus esforços no rastreio de enxames de gafanhotos.
“A previsão é muito útil porque os ajuda a focalizarem os seus esforços em zonas com maior probabilidade de ser afectadas pelos gafanhotos do deserto nos próximos, digamos, 10 dias,” disse Abubakr Salih Babiker, um climatologista do centro regional do clima de Nairobi. “Desta forma, eles são mais eficientes ao alocar os seus recursos, alocando a capacidade financeira para controlar os gafanhotos do deserto. É uma forma muito inovadora de utilizar a tecnologia para resolver um problema do dia-a-dia como os gafanhotos do deserto.”
Kenneth Mwangi, analista de informação de satélites do centro, disse que a equipa pode efectuar melhores modelos de previsão numa praga em que o alastramento dos gafanhotos “foi muito rápida.”