EQUIPA DA ADF
As altamente transmissíveis subvariantes da Ómicron, B.A.4 e B.A.5, da COVID-19 impulsionaram a quinta vaga de infecções e podem oferecer pistas para futuros surtos, afirmam os especialistas. As novas variantes propagaram-se de forma mais rápida do que as anteriores e causaram um aumento de internamentos de crianças com menos de 9 anos de idade.
As subvariantes B.A.4 e B.A.5 demonstraram uma forte capacidade de reinfectar pessoas com imunidade adquirida a partir de infecções anteriores, particularmente se estas tiverem sido a partir das variantes iniciais. Apesar disso, em termos gerais, os internamentos e as mortes foram uma fracção em comparação com aquelas registadas em vagas anteriores.
“Estes são os primeiros sinais que indicam que o vírus está a evoluir de forma diferente,” Túlio de Oliveira, um bioinformático da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, disse à revista Nature.
Embora as novas ramificações virais tipicamente causem formas mais ligeiras da doença, a sua natureza altamente transmissível ainda pode pressionar os sistemas de saúde.
Jesse Bloom, um biólogo da evolução de vírus do centro de pesquisa Fred Hutch, disse que as variantes são muito capazes de evitar anticorpos, o que permite que elas infectem pessoas com imunidade anterior.
Outros especialistas afirmam que as novas variantes podem ser capazes de escapar da imunidade, porque elas possuem mutações que alteram um aminoácido chamado L452, que se apega às células e possibilita a infecção, de acordo com a revista Science.
É cedo demais para dizer que ameaças as futuras variantes da COVID-19 podem representar, Kristian Andersen, que estuda a evolução viral na Scrippts Research, disse à revista Nature.
“Podemos estar certos de que elas continuarão a ser cada vez mais capazes de escapar do sistema imunológico,” o que pode significar menos protecção contra doença severa, disse Anderson. “Temos de nos centrar em aumentar a nossa imunidade.”
Os investigadores afirmam que se a COVID-19 continuar a evoluir no seu actual rumo, isso pode eventualmente assemelhar-se a uma infecção respiratória como a gripe. Se isso acontecer, as variantes que escapam ao sistema imunológico podem causar novas vagas.
“Provavelmente seja aquilo que esperamos ver cada vez mais no futuro,” Penny Moore, uma virologista da Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo, disse à revista Nature.
Especialistas entrevistados pela revista disseram que esperam que mais surpresas da COVID-19 ocorram. A variante Delta não desapareceu por completo e, enquanto a imunidade para a Ómicron e as suas subvariantes aumenta, uma ramificação da Delta pode impulsionar mais vagas. Parece que novas variantes da COVID-19 emergem a cada seis meses.
“Esta é uma forma de interpretar os padrões que até agora foram observados,” disse Bloom à revista Nature. “Mas penso que devemos ser cuidadosos ao extrapolar regras generalizadas a partir de um período de tempo de observação consideravelmente curto.”
Embora a mais recente vaga da África do Sul tenha retrocedido, 15 outros países de África estão a lutar com a quinta vaga. Quénia e Maurícias encontram-se actualmente a lutar contra a sexta vaga.