EQUIPA DA ADF
O governo da Somália recrutou 20.000 soldados no ano passado para fazer face aos desafios de segurança, principalmente colocados pelo al-Shabaab, à medida que a Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) se vai retirando.
Estava previsto que a ATMIS retirasse 2.000 tropas do país até 30 de Junho, a primeira de três retiradas do seu plano de transição. A UA comprometeu-se a retirar as tropas de forma gradual e estratégica, sector a sector, com vista a pôr fim à ATMIS até 31 de Dezembro de 2024. O Burundi, o Djibuti, a Etiópia, o Quénia e o Uganda contribuem com tropas para a missão.
Milhares de recrutas somalis foram enviados para Egipto, Eritreia, Etiópia e Uganda para receberem formação.
Alguns observadores consideram ambicioso o plano de formar 20.000 soldados para defender a nação contra o al-Shabaab, mas Mohamed El-Amine Souef, chefe da ATMIS, disse, durante uma conferência de imprensa em Junho, que acredita que o governo somali já criou forças suficientes para assumir as responsabilidades de segurança assim que a ATMIS sair.
“Tenho plena confiança nas capacidades das Forças de Segurança da Somália,” disse Souef. “O SNA [Exército Nacional da Somália] tem demonstrado, ao longo do último ano, uma capacidade crescente para conduzir operações militares contra o grupo terrorista.”
Enquanto os novos recrutas continuam a treinar, os líderes somalis querem que o Conselho de Segurança das Nações Unidas levante um embargo de armas imposto ao país em 1992, altura em que, segundo eles, a situação de segurança era muito pior.
Em Junho, Mohamud declarou ao Conselho de Segurança que o seu governo tinha adoptado medidas adequadas para contrariar o fluxo ilegal de armas e estabelecido legislação para controlar a posse, o fabrico, o armazenamento e a utilização de armas de fogo.
Ao levantar o embargo, “dar-nos-á poder para afirmar a nossa soberania, combater eficazmente o terrorismo e construir um futuro pacífico e próspero para a nossa nação,” disse Mohamud numa reportagem da Voz da América (VOA).
Mohamud foi secundado por Souef.
“Temos de apoiar a liderança da SSF [Força de Segurança da Somália], manter as áreas libertadas e tomar as FOB [bases operacionais avançadas],” disse Souef. “Estas forças necessitam de recursos para combater o al-Shabab e estabilizar as zonas recentemente libertadas.”
No dia 29 de Junho, os soldados burundeses afectos à ATMIS entregaram ao SNA a FOB de Cadale, no Estado de HirShabelle, a quarta base entregue até à data durante a transição.
O comandante do contingente do Burundi, Brigadeiro-General Jean Claude Niyiburana, aconselhou o comandante da brigada do SNA em Cadale, Coronel Saney Abdulle, na cerimónia de transferência de poderes.
“Conhecem melhor esta área e o al-Shabaab continua a atacar as forças de segurança somalis e as tropas da ATMIS em todos os sectores,” disse Niyiburana numa reportagem da African Business. “Mantenham-se vigilantes, pois o inimigo não descansa.”
Saney comprometeu-se a “manter o rumo e derrotar” o al-Shabaab.
Apesar de muitos especialistas acreditarem que o al-Shabaab está a enfraquecer, Omar Yusuf Abdulle, um analista em assuntos do Corno de África, disse que o grupo continuará a ser uma ameaça à segurança porque a sua ideologia, por si só, é suficiente para inspirar a violência.
Apesar dos recentes reveses militares, o al-Shabaab “ainda pode causar estragos porque os seus líderes ainda andam por aí e ainda controlam um grande território no sul da Somália,” disse Abdulle à VOA. “Além disso, os seguidores obstinados do grupo continuam a ouvi-los e são provavelmente milhares; por isso, a derrota completa do al-Shabab depende da erradicação da ideologia que inspira os terroristas.”