EQUIPA DA ADF
O Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, deixou claro, depois de ter ganho um segundo mandato no ano passado, que derrotar o al-Shabaab é a principal prioridade do governo. O grupo terrorista tem vindo a matar civis indiscriminadamente, a lutar contra as forças governamentais e a ocupar vastas áreas do território desde 2006.
Mohamud apelou a uma maior mobilização das milícias locais, conhecidas como “Ma’awisley,” para complementar as operações das forças somalis, da Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) e de outros aliados.
“Ou estão connosco ou com o al-Shabaab, e não pode haver nada no meio,” disse Mohamud num discurso transmitido pela televisão.
O governo proporciona às milícias dos clãs apoio logístico, munições, alimentos e evacuações médicas. Os clãs ligam o exército às populações locais e demonstram que uma parte da população da Somália se voltou contra o al-Shabaab, segundo o Grupo Internacional de Crise.
As comunicações, as directrizes e o empenho declarado de Mohamud na “guerra total” contra o al-Shabaab “estão a começar a ganhar a confiança dos principais anciãos dos clãs e das suas comunidades, bem como dos parceiros internacionais,” segundo Liban Obsiye e Liban Hussein num artigo publicado na revista African Arguments.
“Esta parceria reforçada é que está a sustentar a luta e a proporcionar uma vitória após outra no campo de batalha,” escreveram Obsiye e Hussein.
O apelo de Mohamud à acção produziu resultados imediatos.
A primeira ofensiva contra o al-Shabaab centrou-se na região de Middle Shabelle, que rodeia a capital nacional, Mogadíscio. Durante esse esforço, que decorreu de Agosto de 2022 a Janeiro de 2023, o exército somali libertou 70 comunidades, como Rage-El, uma aldeia onde os residentes se juntaram à luta do exército em Agosto passado, após 13 anos sob o domínio do al-Shabaab.
A ofensiva recuperou cerca de um terço do território controlado pelo al-Shabaab. O governo somali informou também que 3.000 militantes foram mortos na primeira fase dos ataques e mais de 3.700 ficaram feridos com a ajuda dos combatentes “Ma’awisley,” alguns dos quais idosos.
“O público sempre esteve pronto para lutar contra o al-Shabaab,” disse Kamal Dahir Hassan Gutale, conselheiro de segurança nacional do primeiro-ministro Hamza Abdi Barre, numa reportagem da Voz da América. “O que é diferente desta vez é que o governo, o presidente e o primeiro-ministro começaram a encorajá-los e a apoiá-los quando a comunidade decidiu mobilizar-se.”
À medida que as tropas somalis e os seus aliados vão libertando as comunidades do al-Shabaab, Mohamud tem sublinhado o empenho do governo em estabilizar e levar serviços públicos a essas áreas para impedir o regresso dos extremistas. A segunda vaga de operações será levada a cabo nos Estados de Jubaland e do Sudoeste.
Faltam cerca de 18 meses para que a ATMIS entregue todas as responsabilidades de segurança às forças de segurança somalis. Os observadores acreditam que a capacidade das forças armadas somalis para preservar os ganhos obtidos será um referendo sobre o sucesso das missões da UA. Alertam também para o facto de o al-Shabaab estar longe de estar derrotado.