EQUIPA DA ADF
Depois de conseguir vitórias importantes contra o al-Shabaab, em finais de 2022, a Somália lançou a sua segunda ofensiva contra o grupo extremista, com objectivo de expulsá-lo das regiões centro e sul daquele país.
O Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, anunciou a nova ofensiva em finais de Março. Os soldados da Somália e os seus aliados tribais irão utilizar a experiência que ganharam durante a primeira ofensiva para fazer com que a segunda ronda de operações seja mais bem-sucedida ainda, disse o presidente.
“Temos mais experiência do que quando entrámos na guerra pela primeira vez, nos Estados de Galmudug e Hirshabelle,” disse Mohamud este ano no final da primeira ofensiva. “Já conhecemos as tácticas do al-Shabaab. O nosso moral diz-nos que somos capazes de derrotá-los.”
Em última instância, a nova estratégia visa colocar um fim a décadas de violência que prejudicaram as vidas de gerações de somalis.
A primeira vaga de ataques contra o al-Shabaab esteve centrada nas regiões de Middle Shabelle, nos arredores da capital nacional, Mogadíscio. Durante aquela ofensiva, que decorreu de Agosto de 2022 a Janeiro de 2023, o exército da Somália libertou 70 comunidades, como Rage-El, uma aldeia onde os residentes juntaram-se à luta do exército em Agosto último, depois de 13 anos sob o controlo do al-Shabaab.
“A população vivia em agonia,” Mohamud Adow, um residente da aldeia, de 80 anos de idade, que pegou em armas, disse à Associated Press.
A primeira ofensiva libertou cerca de um terço do território que estava sob o controlo do al-Shabaab. Também matou mais de 3.000 combatentes do grupo e feriu mais de 3.700, de acordo com o Ministério da Informação da Somália.
O exército da Somália recebeu treinos e armas de aliados internacionais, incluindo os Estados Unidos, a Turquia e ATMIS, a Missão de Transição da União Africana na Somália. Contudo, os líderes somalis enfatizam que os seus soldados estão a liderar o ataque com a ajuda de combatentes de clãs que se viraram contra o al-Shabaab.
“[O al-Shabaab] está a enfrentar a vocês, soldados da Somália, que estão bem treinados e preparados para a batalha, que levaram a batalha para as linhas da frente,” Kamal Dahir Hassan Gutale, conselheiro de segurança nacional do Primeiro-Ministro, Hamza Abdi Barre, disse à Voz da América. “O povo da Somália e o seu governo possibilitaram que todos aqueles sucessos fossem alcançados pelas nossas forças de segurança em muito curto espaço de tempo.”
Gutale desconsiderou as afirmações de um líder do al-Shabaab, segundo as quais a primeira ofensiva não cumpriu a sua missão.
“Que ele os enfrente,” disse Gutale, desafiando o líder terrorista a enfrentar os soldados da Somália. “Eles libertaram mais de 500 quilómetros das mãos do al-Shabaab e ainda estão atrás dele.”
Analistas afirmam que os ganhos recentes foram devidos, em parte, às próprias acções do grupo extremista, que despertaram a ira da população que vive nas regiões sob o seu controlo.
“Enquanto a seca sem fim se intensificava, no início do Verão de 2022, o grupo ligado à al-Qaeda, al-Shabaab, reagiu com brutalidade típica,” escreveu Vanda Felbab-Brown, da Brookings instituton. Enquanto a seca e as dificuldades económicas aumentavam, o al-Shabaab continuavam a pressionar a população, cobrando “impostos” para apoiar as suas operações.
Apoiado pelos clãs e pelos aliados internacionais, a segunda ofensiva do exército da Somália está a pressionar ainda mais as fortalezas do al-Shabaab no sul, em Jubaland.
Enquanto a ofensiva progride, dirigida pelas forças especiais da Somália, o governo fornece apoio logístico, munições, produtos alimentares e evacuação médica para as milícias dos clãs. Os clãs, por sua vez, ligam o exército às populações locais e demonstram que algumas porções das populações da Somália viraram-se contra o al-Shabaab, de acordo com o Grupo Internacional da Crise.
Enquanto as tropas da Somália e os seus aliados libertam as comunidades do controlo do al-Shabaab, Mohamud enfatizou o compromisso do governo de criar e trazer serviços públicos para aquelas regiões de modo a manter afastada qualquer tentativa dos extremistas de regressarem.