EQUIPA DA ADF
Enquanto o número de casos de COVID-19 baixavam nos últimos meses, o mesmo acontecia com o número de pessoas que usavam máscaras.
Encorajados por um decréscimo significativo no número de mortes por COVID-19, os governos de todo o continente africano seguiram o mesmo caminho, dispensando as suas medidas de obrigatoriedade do uso da máscara.
Em outras regiões do mundo, contudo, mutações contínuas de variantes da COVID-19 estão a causar novos grupos de infecções.
A ameaça de várias variantes propagando-se ao mesmo tempo, que os especialistas chamam de “enxame de variantes” ou “sopa de variantes” fez com que alguns profissionais de saúde recomendassem a retoma do uso de máscaras como uma medida de prevenção para limitar a propagação da doença. De particular preocupação é a potencial propagação em hospitais, centros de saúde, farmácias e espaços públicos fechados, como centros de transporte agitados.
O epidemiologista Dr. Eric Feigl-Ding, co-fundador da Rede Mundial de Saúde, esteve a emitir o alarme para o retorno das medidas de prevenção.
“Que possamos #TrazerDeVoltaasMáscaras e trazer de volta a ventilação e a desinfecção do ar,” publicou no Twitter, no dia 26 de Outubro.
Desde a altura em que a Organização Mundial de Saúde declarou uma emergência internacional, em 2020, a medicina preventiva e os tratamentos para a COVID-19 ajudaram a reduzir os internamentos e as mortes.
Na verdade, as mortes por COVID-19 registadas em Outubro foram as mais baixas desde Março de 2020.
Na maior parte dos países do continente, os casos reduziram desde que a quarta vaga, impulsionada pela Ómicron, atingiu o seu pico no início de Janeiro de 2022.
Nigéria, o país com maior número de habitantes em África, é um dos poucos em que o mandato para uso de máscaras continua em vigor.
No dia 8 de Agosto, o presidente do Conselho Consultivo Presidencial, Boss Mustapha, fez lembrar aos cidadãos que ainda era exigido o uso de máscaras em lugares fechados e nos transportes públicos.
“Tenham em mente que o uso contínuo da máscara facial em certas situações públicas pode ajudar a proteger aqueles que têm sistemas imunológicos comprometidos ou estão em alto risco,” disse à imprensa, durante um evento do governo.
“O uso adequado de máscaras faciais irá reduzir a probabilidade de transmissão entre um indivíduo que seja contagioso e um que esteja susceptível à infecção e ajuda a proteger aqueles que estejam em alto risco de infecção e de doença grave.”
África do Sul, o país mais assolado do continente, revogou as suas restrições no dia 23 de Junho. As máscaras deixaram de ser obrigatórias em lugares fechados e públicos.
Ao mesmo tempo, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) observou que os países se encontram em estágios diferentes no que se refere a lidar com a COVID-19 e aconselhou o uso de estratégias baseadas em dados.
“Também esperamos que os protocolos não serão todos idênticos durante este estágio da pandemia,” director interino do Africa CDC, Dr. Ahmed Ogwell Ouma, disse durante uma conferência de imprensa.
“Nós encorajámo-los a utilizarem os seus próprios dados, a evolução da situação no terreno e a sua capacidade de vigilância … para fazer quaisquer ajustes.”
Alguns dos especialistas que criticaram a obrigatoriedade de máscaras de África do Sul disseram que as restrições estavam a ser ignoradas e eram difíceis de fazer cumprir.
O professor Alex van den Heever, presidente da Segurança Social, na Escola de Governação de Wits, concordou com acabar com a obrigatoriedade, mas enfatizou o valor do uso da máscara como uma escolha pessoal.
“De agora em diante, as pessoas que se sentem em risco, têm comorbidades e estão preocupadas devem continuar a ficar muito preocupadas quanto aos espaços públicos e a protegerem a si próprias,” disse à SABC News TV. “[Elas] podem continuar e devem continuar a usar máscaras quando se sentirem inseguras. Quando forem aos restaurantes ou ambientes aglomerados, procurem estar em locais bem ventilados.
“Penso que de agora em diante iremos viver com este vírus assim como fazemos com muitos outros. Agora já é endémico. Iremos todos ficar infectados múltiplas vezes.”