EQUIPA DA ADF
África ofuscou o Médio Oriente como o foco principal de grupos terroristas a nível mundial que estão determinados a expandir o seu alcance.
Essa é a conclusão dos especialistas que examinaram o aumento dos ataques no continente, os quais coincidiram com um aumento de conteúdos da internet e de vídeos relacionados com África produzidos por grupos terroristas.
“Este ano, até agora, o Estado Islâmico reivindicou mais de metade dos seus ataques em África,” fundador de Jihad Analytics, Damien Ferré, publicou no Twitter em Julho.
Ele disse que a República Democrática do Congo (RDC), Moçambique e Nigéria estão a registar uma expansão para novas zonas e um aumento nos ataques que têm como alvo os cristãos.
Um recente editorial do al-Naba, o jornal semanal oficial do grupo do Estado Islâmico, encorajou os muçulmanos a juntarem-se aos seus irmãos em luta, em África.
Em 2021, o al-Naba dedicou 28 das 52 edições para África. Agora, 7 das 13 províncias do grupo do EI encontram-se no continente.
“O facto de estarem a apelar para se juntar à luta em África é muito importante,” disse Ferré à Agência France-Presse. “Eles reconhecem que, neste momento, têm falta de capacidade para perseguir o projecto do califado … mas definitivamente existe um desejo de ganhar espaço em África.”
Com mais de um terço de mortes por terrorismo a nível mundial em 2021, o Sahel agora é um foco principal de terrorismo a nível mundial, de acordo com o painel de monitoria das Nações Unidas.
O painel aconselhou que a menos que o extremismo em África seja esmagado, “um ou mais deles irá incubar uma capacidade operacional externa para al-Qaeda ou grupos terroristas relacionados.”
A analista de terrorismo baseada na África do Sul, Jasmine Opperman, atribui a maior parte dos avanços da violência à fraca governação em comunidades rurais historicamente negligenciadas e populações que perderam a fé nas autoridades dos seus países.
“Se olharmos para a história de África, o al-Qaeda sempre teve uma presença enraizada,” disse à Fox News Digital. “Estamos a registar um ambiente favorável para estes grupos terroristas internacionais para se encontrarem, integrarem-se e assumirem a liderança em actividades extremistas em todas estas regiões.”
Em Julho, militantes da Província do Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP) lançaram um ataque contra a prisão de Kuje, da Nigéria, em Abuja. Eles libertaram mais de 60 extremistas mais famosos do país, embora o Ministro do Interior, Rauf Aregbesola, tenha considerado aquela instalação como “a mais fortificada do país.”
“O Boko Haram não é o mesmo que vimos alguns anos atrás,” disse Opperman. “Muitos dos combatentes passaram para o ISWAP e estamos a ver agora o ISWAP a alcançar a região de Abuja, a capital da Nigéria.
“É esta expansão geográfica até Abuja que continua a ser uma preocupação.”
Na RDC, o grupo terrorista das Forças Democráticas Aliadas encontra-se oficialmente ligado ao grupo do EI desde 2017. Beneficiou de um influxo de combatentes provenientes do Quénia, África do Sul e Tanzânia.
Vincent Foucher, um investigador do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, viu o comprovativo de uma colaboração de longo alcance entre militantes na região do Lago Chade e combatentes com mais experiência.
“Conselheiros e especialistas, por vezes, são mencionados que chegam para ajudar em momentos difíceis na tomada de decisões e reorganizações,” disse à AFP.
O recente ataque de multimédia através das redes sociais e no al-Naba chamou a atenção de Mina Al-Lami, uma investigadora especializada em extremismo, do serviço de monitoria da BBC, que contextualiza as mensagens do grupo central.
“O EI tem estado a apelar persistentemente para o recrutamento e para a hijra (migração) para África, especialmente África Ocidental e nordeste da Nigéria,” publicou no Twitter, no dia 28 de Junho. “O EI não faz um apelo enfático para a hijra e o nafir (sair para juntar-se às frentes jihadistas) desde os dias do apogeu do seu ‘califado.’
“O facto de as agências centrais de alto nível do EI, na Síria e no Iraque, estarem a fazer este apelo à hijra para África e não para o Médio Oriente ou quaisquer outras regiões, é muito importante e demonstra a consideração que o EI dá a este esforço.”