EQUIPA DA ADF
Enquanto os países correm para obter doses de vacinas da COVID-19, a China e a Rússia apresentaram as suas vacinas como sendo opções atractivas para os países de baixa renda. Contudo, até agora, ainda não conseguiram cumprir com as suas promessas.
A Sinovac e a Sinopharm, ambas da China, e a Sputnik V, da Rússia, chegaram em pequenas quantidades e a preços mais elevados do que se esperava.
A China entregou 3,15 milhões de doses à África, menos de 4% da sua exportação de vacinas, de acordo com a empresa de consultoria Bridge Consulting. A Rússia prometeu à União Africana mais de 300 milhões de doses da Sputnik V, mas até agora forneceu apenas 100.000 à Argélia, Tunísia e Guiné.
Em comparação, a facilidade internacional COVAX forneceu 15 milhões de doses aos países africanos, abrangendo 22 países. As vacinas da COVAX vieram primariamente da AstraZeneca.
“Os números de vacinas que a China está a doar não irão mover uma palha em qualquer destes países,” Eric Olander, co-fundador do Projecto China África, disse à Reuters.
Em conferência de imprensa do dia 11 de Abril, o Director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Chinacomunicou que as vacinas do seu país tinham alcançado uma eficácia baixa de somente 50% — o mínimo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) permite para autorizar o uso de uma vacina. A imprensa chinesa não comunicou sobre as referidas declarações.
A Rússia e a China divulgaram pouca informação sobre as suas vacinas. Os desenvolvedores da vacina chinesa não publicaram os resultados dos seus ensaios de três fases em revistas especializadas.
A Rússia reivindica 92% de eficácia da Sputnik V contra o vírus original da COVID-19. Mas, numa carta ao jornal médico britânico The Lancet, em Março, um grupo internacional de pesquisadores questionou as afirmações da Rússia, destacando a semelhança “fora do comum e improvável” nas respostas dos vários grupos etários em todas as três fases dos ensaios.
Um estudo de amostras de sangue de 12 pessoas que receberam a vacina Sputnik V demonstrou que a mesma apresenta um fraco desempenho contra a variante B1.351 que domina a África do Sul e a Zâmbia e é encontrada em mais de uma dezena de outros países africanos. Em oito dos 12 casos, a vacina não conseguiu neutralizar o vírus, de acordo com os pesquisadores.
Testes das vacinas chinesas no Brasil demonstraram que eram 50,4% eficazes na neutralização da COVID-19. Nem a vacina chinesa nem a da Rússia obtive a aprovação da OMS para uso em casos de emergência.Pertencer à lista das vacinas de uso em casos de emergência da OMS torna a vacina disponível para as Nações Unidas, mas os países individualmente não são obrigados a seguir aquela orientação.
O Zimbabwe adquiriu 1,2 milhões de doses das vacinas chinesas e começou a distribuir as primeiras 200.000 doses em meados de Fevereiro. Benin, Djibouti, Somália e Tunísia também receberam as vacinas chinesas.
Outras 600.000 doses produzidas na china chegaram ao Zimbabwe em Março, embora alguns zimbabweanos estejam relutantes em recebê-las.
O activista Claris Madhuku, que lidera a Plataforma para o Desenvolvimento Juvenil (Platform for Youth Development), disse que a falta de informação está a fazer com que as pessoas estejam hesitantes em tomar a vacina.
“Eu disse a mim mesmo que teria de esperar para ver se outros profissionais de saúde irão aderir à vacinação, mas não vi nenhum,” Melissa Hungoidza, uma auxiliar de enfermagem, de 34 anos de idade, disse ao Globe and Mail, do Canadá. “Eu tenho medo, porque nada mais nos foi dito, como profissionais de saúde, sobre os efeitos colaterais da vacina Sinopharm.”