EQUIPA DA ADF
Se existe alguma inovação que ajude a combater a COVID-19, a verdade é que o Ruanda está a utilizá-la.
Robots, câmaras térmicas e drones todos eles contribuíram para a resposta do país à pandemia.
E a mais recente iniciativa? Cães treinados para farejar a COVID-19.
O Centro Biomédico do Ruanda (RBC), num esforço conjunto com a Polícia Nacional do Ruanda, fez o lançamento de um programa piloto, no dia 4 de Junho, utilizando cinco cães farejadores para rastrear a doença, no Aeroporto Internacional de Kigali.
Os cães podem detectar a COVID-19, farejando amostras de suor retiradas de passageiros com recurso a tecidos de algodão. As amostras são posteriormente levadas para uma cabine de farejamento numa área separada.
“Não é tão diferente da forma como utilizamos máquinas especializada para a testagem, e isto é muito mais rápido e barato,” Dr. Sabin Nsanzimana, director-geral do RBC, disse à imprensa depois da demonstração do dia 5 de Junho.
“Se já tiver visto 10.000 pessoas num estádio para assistir a um jogo, quanto tempo acha que será necessário para que os médicos testem todas aquelas pessoas? Estes cães podem testar 200 pessoas por minuto sob circunstâncias apropriadas. Obviamente que nenhum laboratório pode realizar testes a esse ritmo.”
As pessoas infectadas pela COVID-19 produzem um cheiro que é imperceptível para os seres humanos. Cães treinados, contudo, podem reconhecê-lo de forma instantânea. O actual processo laboratorial leva pelo menos dois dias para que as pessoas recebam os resultados, observou Nsanzimana.
O Professor Leo Mutesa, um investigador da Universidade do Ruanda, disse que os cães foram trazidos da Holanda e treinados pela polícia e por investigadores alemães por mais de 400 horas e apresentam uma taxa de sucesso de 94%.
Como o primeiro país do continente a utilizar cães para rastrear a COVID-19, o uso do Ruanda de tecnologia e de outras inovações fez com que o país ganhasse elogio a nível mundial, como parte da sua resposta nacional à pandemia amplamente bem-sucedida. Houve menos de 400 mortes até finais de Junho.
“Como sempre, quando vemos algo útil para a saúde, experimentamos,” disse Nsanzimana.
O projecto começou em finais do ano passado como uma colaboração com a Embaixada da Alemanha, que forneceu o sistema de treinamento.
Em Julho de 2020, os investigadores alemães apresentaram um estudo que demonstrava a habilidade de cães treinados para discriminar amostras positivas das negativas da COVID-19. Semelhantes iniciativas com cães farejadores foram posteriormente utilizadas em aeroportos nos Emirados Árabes Unidos, no Líbano e na Finlândia.
“Dados demonstram que existe um impacto para países como os Emirados Árabes Unidos que pegaram a ideia e começaram a explorá-la,” Mutesa disse à imprensa, no dia 5 de Junho.
A polícia ruandesa e as autoridades sanitárias foram para a sede da polícia de Dubai, em Dezembro de 2020, visitar a clínica veterinária e aprender as melhores práticas. Mais tarde, funcionários da Brigada Canina de Ruanda foram treinados como manipuladores de cães.
Cães farejadores foram destacados no mundo inteiro para detectar coisas como cancro, explosivos, drogas e moeda. As narinas dos caninos possuem 300 milhões de receptores de cheiros, comparados com os 5 a 6 milhões nos seres humanos.
Nsanzimana disse que os cães utilizados em Ruanda também podem ser treinados para testar outras enfermidades, como diabete, tuberculose e vírus que causam outras doenças.
Por enquanto, disse ele, o melhor uso destes cães muito bons é de ajudar a conter a propagação da COVID-19.
“Queremos que este método de testes seja utilizado em outras partes do país também. Ser capaz de testar as pessoas quando entram nos mercados, estádios e noutros locais pode ajudar-nos a voltarmos à normalidade de forma muito mais fácil.”