EQUIPA DA ADF
Ruanda, Togo e Tunísia destacam-se pela sua resposta ao surto da COVID-19, de acordo com o Instituto Lowy, um grupo de reflexão australiano que pesquisa questões políticas, estratégicas e económicas internacionais.
Num relatório de Janeiro, o instituto classificou as respostas dos países à pandemia com base nos números per capita de casos e mortes pela COVID-19, no número de testes administrados e na taxa de testes positivos.
O relatório, que abrange 98 países, incluindo 20 em África, foi emitido numa altura em que muitas regiões estavam a ser assoladas por uma segunda vaga de infecções. O mesmo examinou os países durante 36 semanas depois da confirmação do seu 100º caso de COVID-19, até ao dia 9 de Janeiro.
O Ruanda ficou em sexto lugar na classificação do instituto, o Togo no 15º e a Tunísia no 21º, cada um com classificação de “bom” no relatório. Com uma classificação “média,” estiveram a Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gana, Madagáscar, Malawi, Moçambique, Senegal, Uganda, Zâmbia e Zimbabwe, conforme observado pelo The Africa Report.
A maior parte dos países utilizou as mesmas medidas para conter o vírus, tais como ordens para ficar em casa, confinamentos obrigatórios e encerramento de fronteiras, mas o sucesso de um país era determinado, em parte, pela eficácia do seu governo em persuadir os residentes a aderirem àquelas medidas. O facto de as medidas de prevenção serem de “baixa tecnologia” pode ter beneficiado os países em vias de desenvolvimento, constatou o relatório.
Os países com população inferior a 10 milhões de habitantes tiveram um desempenho consistentemente melhor em relação aos países com maior número de habitantes em todo o ano de 2020, embora os países maiores estivessem a demonstrar melhorias até ao final do ano. O relatório também descobriu que os governos de Estados democráticos tiveram um desempenho marginal melhor do que aqueles que estavam sob a gestão de outros sistemas.
Mesmo com a densidade populacional mais elevada de África, a resposta do Ruanda à COVID-19 ganhou elogios a nível global quase desde o início. A Organização Mundial de Saúde aplaudiu a resposta multifacetada do país através de inovações médicas, tecnologia criativa usada no tratamento dos pacientes e na persuasão do público bem como resposta proactiva do seu governo.
Uma das chaves para o sucesso do Ruanda foi o facto de o seu povo ter abraçado as medidas de segurança, Agnes Binagwaho, antiga Ministra da Saúde do Ruanda e actual vice-reitora da University of Global Health Equity, disse à The BMJ, uma revista médica editada por profissionais da área.
“As pessoas devem saber que as medidas de saúde pública a serem tomadas são para o seu bem,” disse Binagwaho. “Então, quando o governo encerra as fronteiras e manda todos para casa — quando destaca profissionais de saúde para irem às casas das pessoas, robots para os seus centros de tratamentos e drones para os céus (da maneira que fez) — as pessoas devem saber que estas acções não são contra elas, mas para o seu bem. Essa é a única forma que fará com que eles cumpram com as directrizes; a exigência do cumprimento apenas leva-nos a um certo ponto.”
A Tunísia também reagiu de forma rápida ao surto, impondo um confinamento obrigatório depois de 75 casos terem sido confirmados, encerrando rapidamente as fronteiras e as escolas assim como implementando o recolher obrigatório à noite e o rastreamento de contactos.
A Tunísia teve a segunda taxa mais baixa de mortes pela COVID-19 das regiões do Médio Oriente e do Norte de África, entre Março e Setembro de 2020, de acordo com o Brookings Institution, mas em Fevereiro de 2021, os seus hospitais enfrentavam dificuldades para tratar dos pacientes mais graves.
Dra. Admira Jamoussi, do Hospital de Abderrahmen Memmi, em Ariana, disse ao africanews.com, em Fevereiro de 2021, que as camas dos cuidados intensivos eram concedidas aos pacientes que tinham a probabilidade de sobreviver.
“Em primeira instância, não foi algo que foi bem recebido; alguns colegas, por vezes, não compreendiam,” disse Jamoussi. “É verdade que todos têm o direito à vida, mas um lugar de reanimação é muito, muito precioso e acabamos por nos ver numa situação em que temos de escolher entre os pacientes.”
Para além de encerrar rapidamente as fronteiras, impor um confinamento obrigatório e banir grandes aglomerados, o governo do Togo criou um fundo de aproximadamente 3,7 milhões de dólares para a luta contra a COVID-19 depois do primeiro caso ter sido confirmado naquele país, em Março de 2020.
Aquelas medidas provavelmente ajudaram o Togo a conseguir uma boa classificação do Instituto Lowy, entretanto, o país experimentou o seu maior número de casos semanais durante a segunda vaga. Isso pode ser particularmente perigoso, uma vez que o país possuía muito menos recursos do que muitos outros quando a pandemia começou, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África.