EQUIPA DA ADF
Com granadas de fumo a dar cobertura, um pelotão de soldados do Djibouti, Quénia, Somália e Tanzânia trocou tiros com extremistas violentos e vasculhou uma aldeia improvisada, edifício a edifício.
Um caça F-5E Tiger II da Força Aérea Queniana voou perto do solo para desencorajar novos combates antes da chegada dos helicópteros para evacuar uma vítima. O pelotão precisou de apenas 28 minutos para limpar completamente a aldeia dos militantes.
A cena dramática no Quénia, a 7 de Março, marcou a conclusão do Justified Accord 2024, o maior exercício militar na África Oriental.
“Todos fizeram novos amigos e devem estar muito orgulhosos dos resultados da vossa formação,” o Comandante-Adjunto do Exército do Quénia, Major-General David Tarus, disse aos participantes durante a cerimónia de encerramento no Centro de Combate ao Terrorismo e de Operações de Estabilidade de Nanyuki, Quénia.
O Justified Accord é realizado anualmente em parceria com o Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM) e a Força-Tarefa do Sul da Europa, África (SETAF-AF).
De 26 de Fevereiro a 7 de Março, mais de 1.000 participantes de 23 países trabalharam para aumentar a prontidão, preparar-se para missões mandatadas pela União Africana e pelas Nações Unidas e aumentar a interoperabilidade em apoio à resposta a crises, assistência humanitária e resposta a catástrofes.
O Tenente-Coronel do Exército do Quénia, Mohamed Omar, disse que a JA24 foi uma oportunidade para os países participantes desenvolverem capacidades e partilharem conhecimentos através das formações que receberam.
“Estamos a construir cooperação e relações que, em última análise, nos darão a oportunidade de lidar com uma ameaça comum, uma ameaça à segurança nesta região do Corno de África,” afirmou.
O al-Shabaab, afiliado à al-Qaeda e sediado na Somália, representa uma ameaça contínua para a região. Vários países do Corno de África contribuem com tropas para a missão de estabilização da UA na Somália.
Os participantes somalis no exercício deste ano incluíram membros da brigada de elite do comando Danab.
“Estamos aqui para trocar ideias e também para aprendermos uns com os outros de diferentes nações,” disse o suboficial Mubarak Abdi Mohamed, da Danab. “Penso que isso é o mais importante, aprender uns com os outros e ter contactos e amigos de todas estas nações aqui connosco. É por isso que o JA é importante para nós — para estabelecer ligações.”
O 2.º Tenente Abdirahim Muse Mohamed, de Danab, disse que o intercâmbio de conhecimentos foi um ponto alto, assim como a experiência de estar no vizinho mais estável da Somália, a sul.
“Estamos muito interessados em saber como é que as coisas se passam em tempo de paz,” disse. “Não há postos de controlo militar em todo o país.”
O JA24 também incluiu um curso de oficiais do Estado-Maior; um painel sobre Mulheres, Paz e Segurança; instrução sobre o Estado de Direito; um intercâmbio veterinário com equipa canina de cuidados tácticos de combate a vítimas; e um exercício de posto de comando na Escola de Apoio Humanitário à Paz de Nairobi.
Em Nanyuki, as Forças de Defesa do Quénia acolheram um exercício de treino no terreno multinacional, um treino de operações urbanas e um programa de acção cívica médica que permitiu prestar cuidados médicos a cerca de 1.000 quenianos das zonas rurais.
O Segundo-Tenente Mohamed Abdoulaziz e o seu Bataillon d’intervention rapide (BIR) do Djibouti realizaram um treino de operações urbanas no dia 28 de Fevereiro.
“Estamos a aprender uma série de novas competências que nunca tivemos antes, como encontrar drones,” afirmou. “Não treinamos com isso no nosso país. No nosso país também não há florestas como esta, por isso estamos a aprender a abrigar-nos na floresta e a lutar entre as árvores.”
O Capitão Alexander Roose, dos EUA, cujo batalhão na 2ª Brigada de Assistência às Forças de Segurança trabalha em estreita colaboração com o BIR do Djibouti, disse que as competências dos participantes aumentaram “imenso” após a formação para eliminar dispositivos explosivos improvisados e sistemas de aeronaves não tripuladas.
“É um acontecimento bastante significativo,” afirmou. “[O Justified Accord] procura alinhar várias nações da África Oriental de modo a criar interoperabilidade. Vamos utilizar esta força parceira especificamente para resolver problemas africanos com soluções africanas.”