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Um estudo sobre a manutenção da paz revela que, em 2022, foram realizadas mais operações de paz multilaterais do que em qualquer outro ano da década anterior.
O relatório refere ainda que o Grupo Wagner, de mercenários russos, se tornou “uma importante fonte de dificuldades” devido às suas ligações ao governo russo e à sua “implicação em violações de direitos humanos.”
O estudo, elaborado pelo Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo, foi publicado em Junho de 2023. Tal como nos anos anteriores, as Nações Unidas lideraram o maior número de operações de paz multilaterais com 20, incluindo missões políticas especiais. As organizações e alianças regionais conduziram mais 38 operações, tendo as coligações ad hoc de Estados conduzido outras seis.
Das 64 operações, 24 foram realizadas na África Subsahariana, 18 na Europa, 14 no Médio Oriente e Norte de África, cinco na Ásia e três nas Américas.
O número de efectivos internacionais destacados para operações de paz multilaterais em todo o mundo aumentou pouco menos de 3% em 2022, atingindo 114.984 no final do ano. As maiores alterações anuais no número de efectivos foram um aumento de 3.771 na África Subsahariana e uma diminuição de 541 na Europa.
As forças de manutenção da paz lançaram novas operações na República Democrática do Congo (RDC), na Etiópia, na Guiné-Bissau, no Cazaquistão e na Somália. A operação na Somália foi essencialmente uma reconfiguração de uma operação existente com um novo nome e um novo mandato.
O relatório refere a Missão de Apoio à Estabilização na Guiné-Bissau, criada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, em Fevereiro de 2022, após uma tentativa de golpe de Estado, e a Força Regional da Comunidade da África Oriental na RDC, criada em Junho.
O relatório também faz referência à Missão de Monitorização, Verificação e Cumprimento da União Africana em Mekelle, na região de Tigré, na Etiópia.
O relatório critica os mercenários russos do Grupo Wagner. Em 2022, o Grupo Wagner estava a operar na República Centro-Africana (RCA) e no Mali, onde também estavam destacadas operações de manutenção da paz da ONU. A Rússia opôs-se à redacção da Missão Multidimensional Integrada de Estabilização da ONU na RCA.
“A Rússia resistiu à inclusão de uma linguagem que condenasse ‘a utilização de mercenários e as violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos por eles perpetradas’ — uma referência implícita, mas clara, ao Grupo Wagner,” disse um dos investigadores do relatório.