EQUIPA DA ADF
Com a declaração da pandemia da COVID-19, os países africanos responderam rapidamente, encerrando fronteiras e decretando confinamentos obrigatórios da população, para prevenir a propagação da doença respiratória potencialmente fatal.
Os especialistas de saúde pública atribuíram crédito a esta rápida resposta, juntamente com a população jovem de África, como estando a desempenhar um papel importante na redução do impacto da pandemia.
Mas um estudo recente da Organização Mundial de Saúde para África sugere que pode ter havido um outro motivo para o sucesso no combate ao vírus: a quantidade de colaboração e inovação que os países empregaram enquanto coordenavam as suas respostas.
“Diversos sectores e disciplinas colaboraram para o objectivo comum de mitigação dos efeitos da pandemia,” Boniface Oyugi, um consultor da OMS para África, escreveu recentemente no The Conversation.
O estudo da OMS demonstrou que a pandemia encorajou os países a experimentarem novas abordagens para os cuidados de saúde — métodos que podiam fornecer lições importantes para se lidar com futuro surtos.
Embora os surtos iniciais da pandemia tenham encontrado muitos países desprevenidos, os novos métodos que desenvolveram durante a primeira vaga de infecções ajudaram a reduzir drasticamente o impacto de futuras vagas, escreveu Oyugi.
“Cada país procurava fazer muito dentro de um curto período,” escreveu. “Muitos países estavam a realizar experiências para verificar o que funcionava e o que não funcionava. Os governos aplicavam o que aprendiam naquela mesma hora.”
Os investigadores do Instituto Pasteur de Dakar, Senegal, por exemplo, utilizaram a sua experiência com a febre-amarela e outros vírus para desenvolver o primeiro teste caseiro da COVID-19 de África, em Outubro de 2020.
Alguns países improvisaram a sua resposta à COVID-19, utilizando tecnologia que já tinham em mãos. O Ruanda utilizou drones para partilhar informação pública e fazer a entrega de testes em partes distantes do país. Gana e Senegal desenvolveram robots para fazer o rastreio dos pacientes. Nigéria e Libéria utilizaram softwares para a comunicação entre os profissionais de saúde e o público.
“As inovações de tecnologia para a saúde de hoje, adaptadas para responder à pandemia, podem ser adaptadas para o uso mais amplo no futuro,” escreveu Oyugi.
O estudo da OMS concluiu que várias estratégias funcionaram muito bem na gestão da pandemia. Foram elas as seguintes:
- A indicação de um gabinete de alto nível do governo para coordenar a resposta a nível nacional. A OMS afirma que 41 países africanos seguiram esta abordagem. O relatório cita o Conselho Nacional de Gestão de Risco de Desastres da Etiópia, dirigido a partir do gabinete do vice primeiro-ministro daquele país, como um exemplo de resposta de alto nível bem-sucedida na gestão da pandemia.
- O apoio técnico diário aos que lidam com a pandemia a nível regional e a níveis inferiores, uma abordagem seguida por 28 meses. As operações de emergência de saúde pública da Costa do Marfim ganharam elogios pela sua capacidade de apoiar as unidades de intervenção de níveis inferiores.
- Fornecer uma abordagem descentralizada que permitiu os países, distritos ou outras unidades de governos locais rastrearem e responderem à situação de mudança da pandemia nas suas jurisdições. Catorze países seguiram esta abordagem, e a OMS destacou o Uganda como um exemplo de como colocar esta táctica em acção.
A OMS concluiu que os países que aplicaram todas as três abordagens foram capazes de reduzir a duração da segunda vaga de infecções em aproximadamente 70 dias.
Em todos os níveis e abordagens, um factor desempenhou um papel fundamental no sucesso do esforço: o financiamento.
Enquanto os países africanos recebem financiamento de fora, a OMS recomenda que os países recorram à sua experiência com a COVID-19 para reservarem fundos de emergência que permita que possam reagir de forma rápida e eficaz a futuros surtos de doença.
“A confiança demasiada em parcerias atrasou a coordenação da resposta em muitos países,” escreveu Oyugi. “Um quadro institucional transparente responsável pelos fundos também é útil.”
Em termos gerais, os países africanos que seguiram uma abordagem de vários níveis e bem organizada para a COVID-19 demonstraram ter sofrido um menor impacto da pandemia, fornecendo um modelo importante para o futuro, escreveu Oyugi.
“Ter uma abordagem colaborativa, envolvendo vários intervenientes, é essencial para futuras emergências,” acrescentou.