EQUIPA DA ADF
Com muitos países africanos a experimentarem uma calmaria nas infecções pela COVID-19, as autoridades de saúde pública afirmam que agora é altura para nos prepararmos para uma possível próxima vaga que pode iniciar tão cedo quanto os finais de Abril.
“A quinta vaga provavelmente possa irromper à medida que nos aproximamos do Inverno,” Ministro de Saúde da África do Sul, Dr. Joe Phaahla, disse ao canal de notícias eNCA, referindo-se à época do Inverno no Hemisferio Sul. “É claro que pode chegar ainda mais cedo, dependendo de experimentarmos ou não variantes de preocupação muito mais cedo do que aconteceu com a variante Ómicron.”
Desde que a pandemia começou, em início de 2020, houve vagas de infecção, intercaladas por um período de calmaria de cerca de três meses. Com base neste padrão, os países que já superaram a quarta vaga impulsionada pela variante Ómicron têm cerca de dois meses para se prepararem para a próxima.
O formato que a vaga terá irá depender da variante que a impulsionará — algo que os cientistas ainda não sabem, de acordo com o epidemiologista sul-africano, Salim Abdool Karim.
“Não temos ideia de onde a próxima variante virá nem como ela será,” disse Karim à rádio Jacaranda FM, da África do Sul. “Esta é a incerteza com a qual temos de trabalhar nesta pandemia.”
Os países africanos identificaram as variantes Beta, Eta e Ómicron, mas as variantes podem vir de qualquer parte do mundo. Cada infecção pela COVID-19 cria a possibilidade para uma nova variante, que pode ser capaz de escapar às respostas imunológicas.
“Quando temos mais instalações de testagem, então temos mais casos. Contudo, devido à contínua mutação das variantes, não somos capazes de excluir a possibilidade de uma quinta vaga da pandemia em breve,” Johannes Marisa, Presidente da Associação de Praticantes de Medicina e de Dentistas Privados do Zimbabwe, disse ao site de notícias, News Zimbabwe.
A vaga da Ómicron demonstrou ser menos mortal e produziu menos internamentos do que a vaga da variante Delta que a precedeu. Não existe garantia, contudo, de que as futuras vagas sejam semelhantes, disse Karim.
“Não podemos agora apenas continuar a fazer as mesmas coisas ao longo do tempo, porque o vírus e a epidemia estão a alterar-se e precisamos de alterar e nos adaptarmos a eles,” acrescentou.
A preparação será a chave para ver se o país navega na próxima vaga ou afunda nela, de acordo com especialistas. O oxigénio médico e os medicamentos antivirais irão desempenhar um papel importante nesta preparação, disse o professor Túlio de Oliveira, director da Plataforma de Pesquisa e Inovação em Sequenciamento de KwaZulu-Natal. A plataforma desempenhou um papel importante na identificação de variantes e subvariantes, desde que a pandemia começou.
“Se continuarmos a estar preparados, é extremamente provável que continuemos a ver este desligamento entre as infecções e os internamentos,” disse de Oliveira ao canal eNCA.
O Instituto Nacional de Doenças Contagiosas da África do Sul registou os primeiros dois dias com zero mortes pela COVID-19 a nível nacional, em finais de Fevereiro e início de Março, uma indicação de que o pior da pandemia pode ter terminado, disse de Oliveira.
“África do Sul saiu-se bem durante a quarta vaga,” disse Phaahla.
“E iremos manter a ciência muito avançada e muito rápida para certificar que sejamos capazes de fazer o mesmo com a quinta vaga,” disse Phaahla.