EQUIPA DA ADF
Os ataques do al-Shabaab nas regiões nordeste e costeira do Quénia, durante duas semanas em Junho, mataram 23 pessoas, incluindo agentes de segurança. Embora o grupo terrorista esperasse que os ataques obrigassem o Quénia a retirar as tropas da Somália, o Quénia prometeu continuar a luta e reforçar a sua segurança fronteiriça.
Os ataques levaram Aden Duale, secretário do gabinete queniano para o Ministério da Defesa, a convocar uma reunião de segurança em que participaram chefes de segurança, líderes locais e residentes, no dia 20 de Junho. Duale prometeu “esmagar completamente” o grupo terrorista.
“Esta será a administração que porá fim aos ataques terroristas. Tanto no nosso país, como ao longo das nossas fronteiras e dentro da Somália,” afirmou Duale numa reportagem do jornal queniano The Star. “Por isso, estamos a dizer ao al-Shabaab que não permitiremos que continuem a realizar ataques em qualquer parte do nordeste, na costa ou em qualquer parte do país. Não permitiremos que algumas personagens preguem ideologias radicais ao nosso povo e matem os nossos cidadãos.”
Em Maio, o Quénia e a Somália concordaram em reabrir gradualmente a sua fronteira em três pontos. O Presidente do Quénia, William Ruto, rejeitou as críticas segundo as quais a abertura dos postos fronteiriços teria sido a causa da vaga de ataques.
“Foi, e continua a ser, a decisão correcta porque temos de enfrentar o desafio do al-Shabaab e temos todas as hipóteses de o derrotar,” disse Ruto à France 24. Ruto acrescentou que o grupo está “a tentar reposicionar-se para criar a impressão de que vai dominar a região. Não o permitiremos.”
O Secretário do Interior do Quénia, Kithure Kindiki, e Mohamed Ahmed Sheikh, Ministro da Segurança Interna da Somália, concordaram em partilhar informações transfronteiriças e reforçar a capacidade de aplicação da lei nas fronteiras. Discutiram também formas de criar infra-estruturas fronteiriças modernas para facilitar o comércio e a circulação de pessoas.
A iniciativa de três anos, estimada em 12 milhões de dólares, denominada “Deris Wanaag” — que significa “Boa Vizinhança” em Somali — é financiada pelo Reino Unido.
“As comunidades fronteiriças dos dois países têm muito em comum. É necessário reforçar a comunicação transfronteiriça,” afirmou Kindiki, de acordo com uma reportagem do The East African. “Os nossos dois países estão de acordo quanto às modalidades. Iremos proceder a consultas internas sobre estratégias para garantir os ganhos obtidos através da nossa parceria.”
O al-Shabaab utiliza frequentemente dispositivos explosivos improvisados (DEI) nos seus ataques. A 12 de Junho, oito agentes da polícia queniana foram mortos quando o seu veículo embateu num DEI no condado de Garissa, que faz fronteira com a Somália.
“Suspeitamos que o al-Shabaab esteja a atacar as forças de segurança e os veículos de passageiros,” declarou o Comissário Regional do Nordeste, John Otieno, numa reportagem da Agence France-Presse.
Dez dias mais tarde, três pessoas morreram e seis ficaram feridas quando um Toyota Land Cruiser utilizado para o serviço público passou por cima de um presumível DEI no condado de Mandera, o condado mais a nordeste do país, informou o jornal queniano The Star.
Em resposta ao aumento dos ataques com DEI, Duale disse que o governo está a modernizar as Forças de Defesa do Quénia e a artilharia da polícia com equipamento que incluirá sofisticados veículos blindados de transporte de pessoal capazes de detectar DEI.
O Quénia também construiu 14 Bases Operacionais Avançadas totalmente equipadas ao longo da fronteira com a Somália para reforçar a segurança na zona, à medida que a Missão de Transição da União Africana na Somália vai terminando.
“Estamos totalmente empenhados em que, quando a Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) for retirada, estejamos seguros como país, garantindo que, quando o al-Shabaab sentir o calor das Forças de Segurança da Somália, não venha procurar refúgio no Quénia,” disse Duale numa reportagem do The Star. “Os nossos militares têm uma presença visível ao longo da fronteira para garantir a segurança dos quenianos.”