EQUIPA DA ADF
Num país que enfrenta desafios para a entrega de vacinas contra a COVID-19, a região oeste do Quénia tornou-se particularmente problemática. A cidade de Kisumu, na costa do Lago Victória, ultrapassou a capital, Nairobi, sendo a região com o maior número de infecções confirmadas no país.
Nas zonas rurais da região, as pessoas podem viajar para as zonas metropolitanas para receber as vacinas, mas os fornecimentos são tão limitados que eles se arriscam a regressar de mãos vazias. Agora, alguns profissionais de saúde estão a abordar este problema, caminhando de aldeia em aldeia, como parte da campanha de vacinação.
“É difícil sairmos das aldeias para o hospital, porque não temos dinheiro para viajar e, às vezes, não temos tempo,” Leah Okada, uma das pessoas que recebeu a vacina na aldeia de Nyambare, disse à Agence France-Presse. “Então, eles realmente fizeram para nós um grande favor e ajudaram a facilitar as coisas para nós aqui.”
Harriet Awour, uma enfermeira do Hospital do Condado de Siaya, disse à agência de notícias que no decurso de dois dias, em meados de Maio, ela e outros profissionais de saúde administraram cerca de 350 doses e estavam a planificar continuar a viajar para mais aldeias nos próximos dias.
O Ministro de Saúde do Condado de Kisumu, Boaz Otieno, disse que o aumento do número de casos de COVID-19 na sua região foi o resultado do relaxamento das restrições em Nairobi e nas zonas circunvizinhas. O Presidente Uhuru Kenyatta tinha restringido os deslocamentos das pessoas em Nairobi e outras regiões em finais de Março deste ano, mas relaxou as medidas do confinamento obrigatório um mês depois.
“Houve um influxo inevitável de retorno,” disse Otieno, conforme foi comunicado pela Voz da América (VOA). “Em termos gerais, existe muito tráfego entre Kisumu, Nakuru e Nairobi. Por isso, se confinar as pessoas e depois deixá-las, a tendência é de que as mesmas retornem e voltem para casa.”
A campanha de vacinação do Quénia tem estado a progredir num ritmo mais lento do que o esperado devido à falta de um número suficiente de doses. Até finais de Maio, o Quénia tinha vacinado menos de 2% da sua população.
O país começou as vacinações em Março, depois de ter recebido 1 milhão de doses provenientes da Índia. Desde essa altura, a Índia foi assolada pela COVID-19 e não pode mais fornecer vacinas para outros países até que tenha protegido os seus próprios cidadãos.
O Quénia e outros países do continente têm estado a depender das vacinas provenientes da iniciativa de partilha global de vacinas, COVAX, que, por sua vez, depende do Instituto Serum, da Índia, o maior fabricante de vacinas a nível mundial. Agora, por causa da crise na Índia, o instituto afirma que estará impossibilitado de enviar vacinas para outros países até ao final de 2021.
Sem as vacinas da Índia, o Quénia está a ter dificuldades para encontrar novos fornecedores. Uma fonte pouco provável é a República Democrática do Congo, que provou ter falta de infra-estruturas para distribuir adequadamente 150.000 doses antes de as mesmas expirarem em Junho. Essas doses foram reencaminhadas para o Quénia.
O Sudão do Sul também enviou doses de vacinas para o Quénia, quando foi incapaz de administrá-las à sua própria população. O país tinha recebido 132.000 doses da COVAX, em finais de Março, mas foi capaz de administrar apenas uma pequena fracção antes de estas expirarem. Quénia acabou por obter uma remessa de 72.000 doses que o Sudão do Sul devolveu à facilidade COVAX.
As doses não esperadas satisfizeram apenas uma fracção das necessidades do país, com a sua população de mais de 52 milhões de pessoas.
Willis Akhwale, que lidera a força-tarefa da vacina no Quénia, disse que continua optimista de que o seu país irá obter as vacinas de que necessita.
“O futuro é bom,” disse à VOA. “Apenas temos este período de Maio e Junho e talvez parte do início de Julho em que poderemos enfrentar um desafio. Queremos vacinar mais pessoas. Queremos certificar que todos os quenianos adultos sejam vacinados até ao final de Junho próximo. Essa é a nossa meta e estamos a colocar sistemas e estruturas em vigor para certificar que de forma imediata um fornecimento constante de vacinas comece a funcionar. Depois iremos fazer uma vacinação massiva e intensa dos quenianos.”