EQUIPA DA ADF
Profissionais de logística militar de 13 países da África Ocidental reuniram-se em Abidjan, Costa do Marfim, em Setembro, na Conferência de Logística da África Ocidental, organizada pelas Forças Armadas da Costa do Marfim e pelo Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM).
Representantes do Benim, Cabo Verde, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Nigéria, Senegal e Serra Leoa discutiram soluções dos desafios comuns de logística e coordenação durante a conferência de dois dias que terminou a 21 de Setembro.
“A reunião sobre a logística da África Ocidental oferece um excelente quadro para analisar os desafios ligados ao envolvimento operacional das nossas forças,” disse o director do Ministério da Defesa da Costa do Marfim, Jean Paul Koffi Malan, de acordo com uma reportagem da Agence Ivoirienne de Presse.
Os logísticos planeiam e executam o movimento e a manutenção das forças. Adquirem, armazenam, transportam e eliminam o material. Asseguram a construção e a manutenção das instalações e muito mais.
Quando as tropas são alimentadas, vestidas e armadas, isso significa que os logísticos estão a fazer o trabalho.
Conforme disse Jessica Ba, Embaixadora dos EUA na Costa do Marfim: “A logística é a base do poder militar.”
As discussões abrangeram uma série de tópicos, incluindo a melhoria das capacidades institucionais, a utilização proactiva de dados logísticos para antecipar desafios e reforçar a prontidão operacional, a optimização da atribuição de recursos e a comunicação eficaz de questões logísticas e das suas potenciais implicações aos líderes seniores.
Os participantes também debateram as nuances da preparação e da resposta a crises, as populações deslocadas internamente, a escassez de alimentos, as complexidades das catástrofes naturais e pandemias.
“As forças militares regionais têm um papel importante no trabalho conjunto para criar soluções logísticas que sejam resistentes, com impacto e duradouras,” afirmou George Bresnihan, director de logística do AFRICOM. “A Conferência de Logística da África Ocidental oferece uma oportunidade para os operadores logísticos de 13 países da África Ocidental, bem como da União Africana e da CEDEAO, discutirem desafios comuns, colaborarem e trabalharem em conjunto para encontrar soluções, e aguardo com expectativa a continuação das nossas parcerias.”
As forças armadas africanas enfrentam uma grande variedade de desafios logísticos ao destacarem forças para
“as condições mais difíceis do mundo em termos operacionais e logísticos,” de acordo com um documento do Coronel reformado Daniel Hampton, professor de prática em estudos de segurança no Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
Uma vez que os aspectos das operações militares podem mudar rapidamente, os sistemas logísticos têm de ser capazes dese adaptar a diferentes cenários, quer a missão seja deslocar populações vulneráveis, proteger civis, neutralizar ameaças ou garantir a estabilidade.
“Não existe uma missão típica,” Gerard de Groot, professor de história na Universidade de St. Andrews, na Escócia, disse ao ACSS. “Uma missão de observação pode não exigir nada mais complexo do que alguns telefones por satélite, alguns veículos e alguns computadores portáteis. Uma missão de pacificação em grande escala, por outro lado, precisa de alimentos, roupas, armamento, carros blindados, munições, suprimentos médicos, helicópteros e aviões de transporte.”
A enorme dimensão do continente e a inadequação das infra-estruturas em algumas áreas colocam desafios logísticos únicos, especialmente quando as tropas são destacadas para fora do país. A falta de transporte aéreo estratégico dificulta a deslocação e o equipamento das tropas.
Estas questões representam um “pesadelo logístico” para os líderes militares, disse o Brigadeiro-General reformado, David Baburam, que esteve 36 anos nas Forças de Defesa do Quénia. Numa entrevista à ADF em 2018, Baburam sublinhou a importância do planeamento logístico antes de qualquer missão.
“Muitas vezes, pensa-se na logística depois e não antes. Isso pode comprometer todo o planeamento operacional, porque não se pode planear sem ter em conta a logística de que se dispõe,” afirmou. “Não se pode levar as tropas para o local ‘A’ ou ‘B’ se não se dispuser de meios de transporte aéreo para as levar até lá. Não se pode manter as tropas na zona operacional durante três meses se não se pode alimentá-las ou fornecer-lhes água ou munições adequadas. Por isso, o planeamento é fundamental.”