EQUIPA DA ADF
Os sete coronavírus conhecidos por infectar os seres humanos provocam doenças tão ligeiras quanto um resfriado comum e tão mortais quanto a COVID-19. Uma equipa de investigadores sul-africanos acredita que encontrou a chave para determinar “a diferença entre uma congestão nasal, por um lado, e um colapso dos pulmões, por outro lado.”
Os investigadores da Universidade do Cabo Ocidental descreveram as suas conclusões num recente artigo publicado no The Conversation.
O factor fundamental, afirmam, para decidir se um coronavírus é ligeiro ou mortal está nos compostos que utiliza para montar o envelope que contém as componentes do vírus.
As proteínas de envelope são uma das três partes para além das proteínas de membrana e as proteínas spike que compõem o revestimento do vírus. O material genético do vírus que este utiliza para se replicar dentro de células infectadas viaja dentro do revestimento.
Como a pedra angular num arco, as proteínas de envelope ajudam a criar a curva do revestimento em formato de bola do vírus. Para além de ajudar a manter firme o vírus, o formato das proteínas de envelope também desempenha um papel na capacidade de o vírus reproduzir-se dentro de uma célula.
“A nossa pesquisa ainda em curso começa a sugerir que a estrutura da proteína de envelope pode determinar a gravidade de uma doença do coronavírus,” escreveu o autor principal e virologista Dewald Schoeman.
As proteínas de envelope são pequenas e, até recentemente, eram ignoradas pelos investigadores. Elas ganharam mais atenção com o aparecimento da COVID-19, porque parecem ser uma parte crucial para a transformação de certos coronavírus em assassinos.
A equipa de Schoeman afirma que a diferença entre sofrer uma congestão cerebral e precisar de um ventilador reduz-se a uma ponta pequena e flexível de uma proteína de envelope.
Nos coronavírus que causam a COVID-19, SARS e MERS, as proteínas de envelope possuem tais pontas flexíveis. Os coronavírus menos perigosos, como aqueles que causam o resfriado comum, possuem pontas rígidas.
Danificar as pontas das proteínas de envelope da COVID-19, em laboratório, fez com que as células infectadas produzissem menos novas partículas do vírus e maior parte daquelas que elas produziram eram deformadas. As células desviadas também continham uma grande quantidade de detritos que os investigadores acreditam serem restos de vírus.
A remoção das proteínas de envelope impediu que novas partículas de vírus alcançassem a maturidade.
Embora seja necessário mais trabalho para compreender o papel das proteínas de envelope, Schoeman e a sua equipa afirmam que o seu trabalho traz uma luz valiosa para a compreensão dos mecanismos internos da COVID-19 e dos coronavírus semelhantes.
“Assim, isso pode oferecer oportunidades para o desenvolvimento de tratamentos essenciais que salvam vidas,” escreveram os investigadores no The Conversation.