Equipa do Comando Africano dos Estados Unidos
Às vezes, são as ameaças não esperadas que causam o pior dano. Um ataque cibernético pode paralisar as redes de distribuição de energia de um país. A desinformação pode enviar protestantes para as ruas e alimentar instabilidade civil. Pequenos drones adquiridos nas lojas podem causar explosões de bombas mortais.
Conhecidas como ameaças híbridas, estes ataques são difíceis de conter ou atribuir a um grupo específico. Muitas vezes, actores em representação de outros levam a cabo os seus ataques para esconder a sua origem. Eles aparentam ser o trabalho de um pequeno grupo de criminosos locais, mas, na realidade, um poder estrangeiro ou um grupo extremista está a dar as ordens à distância.
Estes ataques não tradicionais estão a tornar-se na ferramenta de eleição de grupos que querem causar um maior impacto a um baixo custo. Os profissionais de segurança devem estar preparados.
Por exemplo, com mais de 500 milhões de utilizadores da internet, África é uma terra fértil para criminosos cibernéticos. Tais ataques cibernéticos, muitas vezes, em pequena escala, lesaram o continente em aproximadamente 4 bilhões de dólares em 2021 e reduziram o produto interno bruto nacional em 10%.
Mas os ataques cibernéticos são mais do que apenas uma preocupação económica. Também constituem um problema de segurança.
Durante o ano passado, os sistemas informáticos que operam os maiores portos e linhas férreas comerciais da África do Sul foram atacados. As agências governamentais resistiram a repetidos ataques de ransomware. Em todo o continente, piratas informáticos colocaram infra-estruturas de extrema importância e dados governamentais na sua mira.
Da mesma forma, poderes estrangeiros utilizam campanhas de desinformação impulsionadas de forma digital para desestabilizar países vulneráveis. A Rússia, que enviou mercenários para República Centro-Africana, Líbia e Sudão, está a apoiar os combatentes com campanhas de rádio, televisão e internet. Geralmente, essas campanhas estão preparadas para gerar ira e confusão nos países-alvo a fim de beneficiar interesses russos.
Por último, a proliferação de tecnologia de drones baratos possui inúmeras aplicações valiosas quando utilizados para ciência, vigilância e entrega de bens. Mas os grupos extremistas têm a intenção de utilizar os drones para fazer ataques com dispositivos explosivos improvisados. Os terroristas já utilizam estas tácticas no Médio Oriente com resultados devastadores. Observadores acreditam que é apenas uma questão de tempo para os extremistas utilizarem as mesmas tácticas em África.
Os profissionais de segurança africanos estão numa corrida para responder a essas ameaças. O ensino militar contínuo e cursos de habilidades serão fundamentais para este esforço, assim como será a habilidade para abraçar novas tecnologias. Uma geração de soldados jovens e versados em informática pode desempenhar um papel importante nesta luta.
A criatividade e a motivação dos nossos adversários para desenvolver novos modos de ataque não conhece limites. Mas também não tem limites a nossa decisão de derrotar essas ameaças. Dependendo de formação, fortes parcerias e habilidade de adaptar-se, não existe alguma ameaça que não possamos prever e conter.