EQUIPA DA ADF
Os países africanos que se juntaram à Célula Analítica Conjunta (JAC) para o combate à pesca ilegal podem recorrer à Skylight, uma ferramenta de monitoria marítima que rastreia as embarcações de pesca em tempo real e alerta as autoridades sobre comportamentos suspeitos.
A JAC é uma nova colaboração de organizações que oferce dados, tecnologia e analíticas para combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN). De acordo com a Ocean Science Foundation, os países africanos perdem aproximadamente 10 bilhões de dólares anualmente devido à pesca ilegal, o que também causa insegurança alimentar.
Lançada pelo Instituto Allen para IA, a Skylight já ajuda a Agência Nacional dos Parques Nacionais do Gabão a defender as zonas marítimas protegidas. Em 2020, a plataforma reforçou uma operação conjunta dirigida pela Marinha do Gana que apreendeu quatro embarcações que pescavam ilegalmente.
“A primeira vez que se utilizou [a Skylight] foi em 2019, na África Ocidental e Central,” Ted Schmit, director da Skylight, disse à ADF num e-mail. “Desde então, a Skylight tem vindo a expandir-se a nível mundial, mas África continua a ser o foco principal.”
Através da JAC, a Skylight reforça as tecnologias como Vessel Viewer, uma nova ferramenta de histórico de embarcações de pesca, desenvolvida pela Global Fishing Watch e pela Trygg Matt Tracking (TNT), que fornece informação sobre a identidade de uma embarcação, as actividades de pesca, visitas portuárias e transbordos. A Skylight pode fazer a monitoria das actividades marítimas centenas de vezes mais rapidamente do que uma única pessoa faria.
A TNT, uma organização sem fins lucrativos que fornece inteligência de pescas para países e organizações; a Global Fishing Watch; e a Rede Internacional de Monitoria, Controlo e Vigilância, fundada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional; lançaram a JAC em Junho.
A Skylight funciona com a plataforma de mapas da Global Fishing Watch que se centra em dados quase em tempo real fundidos com vários tipos de dados de rastreiamento de embarcações, incluindo conjuntos de dados históricos.
“Em conjunto, os dois sistemas fornecem cobertura e conveniência abrangentes,” Tony Long, PCA da Global Fishing Watch, disse à ADF num e-mail.
A Skylight também funciona com o Sentinel 1, da Agência Espacial Europeia, um par de satélites de órbita polar, que pode fazer a monitoria de embarcações vinte quatro horas por dia, independentemente de haver cobertura de nuvens ou não. Não se paga nada para se juntar à JAC ou para utilizar a Skylight. Não é necessário ter qualquer equipamento para aceder à Skylight, que se encontra disponível através de um processo simples e seguro da internet.
A plataforma pode detectar eventos em que duas embarcações que transmitem os sistemas de identificação automática(AIS) se cruzam em alto-mar e situações em que uma embarcação transmite o AIS, mas tem um padrão que pode indicar um encontro com uma “embarcação sombria,” que não transmite o AIS. Isso é utilizado habitualmente para detectar quando uma embarcação entra numa área de interesse ou na zona de segurança perto dela.
Para evitar detecção, as embarcações suspeitas de actividades ilegais estão a utilizar métodos mais sofisticados como o “spoofing” — ou embaralhar — que resulta em dados imprecisos ou em falta, disse Schmit à SeafoodSource.
Em resposta, a Skylight pretende expandir o seu uso da visão computacional, uma tecnologia de inteligência artificial, para incorporar com novos tipos de imagens. O uso de sistemas electroópticos, Conjunto de Radiómetro de Imagem Visível por Infravermelho ou VIIRS, que ajuda a detectar a pesca de lulas, e de frequência de rádio “estão a ser desenvolvidos ou tidos em consideração,” disse Smith à ADF.
“A Skylight irá expandir quando formos capazes de identificar parceiros que nos podem ajudar a garantir que a plataforma possa ser utilizada de forma efectiva, dando formação inicial e apoio,” disse Schmit. “A facilidade de acesso a esta tecnologia avançada é uma prioridade importante, por isso, também precisamos de parceiros de financiamento que nos podem ajudar a expandir o uso sem custos para os países que o desejarem.”
Interesse Crescente na JAC
O Comité das Pescas do Centro-Oeste do Golfo da Guiné e a Comissão Sub-Regional das Pescas encontram-se entre os primeiros grupos que manifestaram interesse na JAC, de acordo com Long.
“Um trabalho piloto recente também conseguiu integrar Quénia e Madagáscar,” disse Long à ADF. “Parcerias como aquela que temos com a Skylight, com fortes relações em toda a África, abriram novas oportunidades, incluindo no sudoeste de África e na África Austral.”
A JAC incluirá capacitação e formação para garantir que os países africanos não dependam da JAC para análises, mas possam aceder à JAC para uma utilização a longo prazo das suas plataformas de tecnologia.
“O desafio da JAC é garantir que cresçamos de forma sustentável e de uma forma que garanta que os países africanos possam depender do fornecimento dos dados e, igualmente importante, do apoio inicial necessário para garantir que existam habilidades a longo prazo, preparadas para explorar esta vantagem técnica sobre os pescadores INN,” disse Long.